Nas duas últimas décadas tem-se observado um deslocamento do front da soja em direção aos estados do Norte, Nordeste e sobretudo Centro-Oeste. Entretanto, estas novas regiões produtoras possuem um grande problema ligado à logística, principalmente com relação à precariedade dos meios de transporte. Devido a isso, o governo brasileiro, em parceria com a iniciativa privada, tem proposto e viabilizado projetos de grande porte para melhorar a mobilidade dessas áreas, através da criação sistemas de movimentos para a exportação da soja. Este trabalho verifica como se constituem os novos circuitos espaciais produtivos da soja e os sistemas de movimentos de três Eixos de exportação: o Eixo Noroeste; o Eixo CentroNorte e o Eixo Sudeste. A criação e ampliação desses meios de transporte disponibilizam uma fluidez territorial e uma nova concepção de logística para as grandes empresas exportadoras, possibilitando, a essas, um uso corporativo do território e sua apropriação como recurso. Essas políticas territoriais realizadas tanto pelo Estado como pelas empresas, por um lado, tem como objetivos aumentar a competitividade e a velocidade dos agentes hegemônicos, mas por outro lado, são fatores de desagregação e ingovernabilidade. Essas características denotam a falta de um projeto nacional que privilegie o território brasileiro a despeito dos imperativos perversos da “internacionalização do mercado”. Portanto, toma-se necessária, a substituição dessas redes extravertidas, por redes intravertidas que sirvam para atender a um projeto integrador do território e que dinamize o mercado interno, através da criação de uma complementaridade produtiva regional, redistribuição fundiária e incentivo a novas produções.