Em período recente, houve uma reorganização do circuito espacial de produção do vestuário em escala planetária. No Brasil, as etapas da produção, distribuição, comércio e consumo passaram por transformações significativas. No entanto, a cidade de São Paulo, apesar de perder relativamente parte da produção, ainda possui centralidade neste ramo de atividade. A compreensão do redesenho do circuito produtivo do vestuário demanda o entendimento da divisão territorial do trabalho, que se revela pela economia urbana da cidade e da urbanização. Deste modo, apresentamos nesta tese a caracterização do circuito espacial de produção do vestuário em diálogo com a teoria dos dois circuitos da economia urbana (circuito superior e inferior) da cidade de São Paulo, enfocando as áreas de especialização produtiva (os bairros do Brás e Bom Retiro), juntamente com os principais agentes estruturadores do espaço nesta cidade. O circuito superior do vestuário, composto pelas empresas modernas, vem se apropriando das formas de organização típicas do circuito inferior por meio da subcontratação. As grandes empresas varejistas de atuação nacional e internacional e os atacadistas do Brás e Bom Retiro se especializam nas atividades mais sofisticadas e destinam a execução (etapa da costura) para as pequenas oficinas de costura que, em geral, utilizam mão de obra imigrante, sobretudo de bolivianos. Identificamos assim os nexos entre as atividades do circuito superior e inferior vinculados ao ramo do vestuário.