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Direito ao mar: economia costeira da região metropolitana da Grande São Luís

Propomos pesquisar e aprofundar os conhecimentos sobre a economia costeira, espaço de contato entre terra e mar, dominada por dois circuitos econômicos, um superior (das grandes empresas) e outro inferior, das pequenas empresas.

Os circuitos da economia urbana e a situação alimentar de São Luís (MA): a dimensão do mercado de alimentação

A crise sociopolítica vivenciada desde 2016 e a pandemia de Covid-19 destacam questões ligadas à organização espacial da produção e do consumo de alimentos no Brasil. Esses dois eventos também evidenciam no país o aprofundamento e aceleramento da pobreza e da deterioração dos padrões trabalhistas. Em minha tese de doutorado, estudo esse processo em São Luís, capital do Maranhão, onde o risco de fome e fome está entre os mais altos do país. Em particular, examino como a população mais empobrecida encontra formas de comercializar e acessar o alimento nesta cidade. Por meio de dados coletados durante trabalhos de campo, entrevistas e relatórios institucionais, mostro como o circuito popular de venda de alimentos, bem como os vários movimentos de assistência alimentar que se desenvolveram durante a pandemia, tornaram-se parte fundamental da geografia econômica da cidade, especialmente nos lugares mais periféricos. Discuto como essas descobertas informam debates mais amplos da Economia Política da Urbanização, em geral, e sobre estratégias de sobrevivência na periferia do capitalismo, em particular.

Circuito Espacial Produtivo de Eletrônicos na Era da Indústria 4.0 e o Papel da Força de Trabalho Feminina na Região Metropolitana de Campinas (SP)

Esta pesquisa busca compreender como Campinas (SP), a partir de sua economia política, se insere e se relaciona com o circuito espacial produtivo de eletrônicos, tais como smartphones, tablets e notebooks, em um momento marcado tanto pela expansão da automação da produção, que é característica da Indústria 4.0, quanto pelos usos da força de trabalho feminina. A partir disso, a pesquisa investiga se os processos de modernização, (referenciados no chamado Capitalismo de Plataforma), são capazes de alterar as profundas desigualdades socioespaciais, ou se pelo contrário, reforçam antigas estruturas sociais montadas na periferia do sistema, para a exploração e obtenção de maiores lucros.

Análise Interseccional do Circuito Inferior Híbrido

Tendo como pesquisa central a análise e o desenvolvimento de políticas territoriais (Direito ao Mar) para a Região Metropolitana da Grande São Luís, por meio da noção de economia costeira, baseando-se na estrutura analítica dos dois circuitos da economia urbana, este subprojeto “Análise Interseccional do Circuito Inferior Híbrido” busca ajudar tais formulações de políticas territoriais trazendo a análise interseccional para a compreensão da dinâmica econômico-espacial na Ilha do Maranhão.

Fonte de fomento: FAPESP

Territórios e Línguas: estudo sobre o papel da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) na constituição de uma Identificação Supranacional.

A presente iniciação científica tem como objetivo compreender a formação de uma identificação supranacional entre países que possuem a língua portuguesa como língua oficial e nacional. Questionamos se a identificação, na forma de uma “comunidade” é apenas formal e diplomática ou se têm desdobramentos políticos e geográficos. O desenvolvimento da pesquisa se concentra em quatro eixos de análise, o primeiro contemplará a formação socioespacial brasileira, o segundo parte para averiguação atual das políticas adotadas pela Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) na difusão da Língua Portuguesa, o terceiro marca a busca sobre informações adicionais em diferentes órgãos que permita a formulação de um mapa do brasil com as línguas presentes no território, e será finalizado o estudo, analisando entrevistas, as quais permitirão visualizar a importância e a dinâmica das línguas para o território. Os aportes teóricos estão centrados nos conceitos de formação socioespacial, formação territorial, e dinâmica das línguas, que explicitam diferentes categorias sociais e suas importâncias para a consolidação de uma identificação supranacional.

Fonte de Fomento: CAPES

Fé, Espaço e Tempo: Uma investigação sobre a dinâmica espaço-temporal da Paróquia São Cristóvão, Valinhos - SP

O presente artigo discorre sobre a dinâmica da fé católica apostólica romana espaço-temporalmente, investigando precisamente o núcleo da Paróquia Matriz São Cristóvão, localizada em Valinhos – SP. Inicia-se o escrito apresentando a geografia da religião, seguidamente das noções sobre território religioso, finalizando a contemplação teórica, com as definições de memória e identidade, e a sua importância na constituição do lugar. O desenvolvimento da pesquisa se concentra a partir de três eixos principais de análise, o primeiro contempla a história da paróquia, o segundo parte para averiguação das mudanças de seu território físico com o passar dos anos, e finaliza-se o estudo através da análise das entrevistas com os fiéis da paróquia estudada, compreendendo por meio desses relatos como a memória, os festejos e os movimentos religiosos são importantes na construção da identidade religiosa, e consequentemente na formação do lugar. Alguns dos autores norteadores do presente artigo, são: Rosendahl (1995, 2005); Silva & Gil Filho (2009) e Pereira (2013).

Circuito espacial produtivo do vestuário e vulnerabilidade do território no Haiti: o caso do Parque Industrial de Caracol (PIC)

Objetivamos compreender a natureza da implantação de uma Zona Franca no Haiti. Para tanto analisaremos a dinâmica do circuito espacial produtivo do vestuário a partir das tramas político-econômicas estabelecidas entre: i) empresas transnacionais (vestuário), ii) Zona Franca e logística de fluxos, iii) acordos bilaterais que viabilizam os fluxos (HOPE e CBTPA) e, iv) as normas que o Estado haitiano usa para viabilizar a formação predatória do território nacional (na forma de uma Zona Franca). Para tanto, a análise terá como foco o processo de instalação e de operação das empresas de vestuário no Parque Industrial de Caracol, importante Zona Franca do país. Como hipótese, assume-se que a criação da Zona Franca de Caracol e a instalação de transnacionais do setor do vestuário dependeram de alianças estratégicas com o Estado do Haiti, sobretudo em relação a incentivos fiscais. Apesar de ter contribuído para algum nível de desenvolvimento econômico em algumas regiões do país, a instalação de tais empresas se deu pelo interesse de explorar os diversos recursos disponíveis no território haitiano, principalmente mão de obra barata. A atuação descompromissada e privativa dos agentes produtivos do setor, isto é, que possuem agendas próprias de administração e que não necessariamente coincidem com as demandas locais, tem representado diversas implicações territoriais que reverberam na dinâmica socioeconômica das cidades, aumentando a vulnerabilidade das populações mais carentes. A constatação de uso de força de trabalho barata e precária (Standing, 2011; Slee, 2017; Antunes, 2018) em países pobres não é nada nova, contudo, no Haiti é patente a presença do Estado na viabilização de uma formação socioespacial predatória. Aqui reside a força analítica de nossa hipótese: nas tramas político-econômicas que envolvem grandes empresas transnacionais (da produção do vestiário), “acordos” bilaterais sob a égide dos EUA (caso do HOPE e CBTPA), viabilização do território (com a Zona Franca e a logística para os fluxos) e o Estado haitiano. Nesse sentido, a análise do circuito espacial produtivo do vestuário haitiano permitirá interpretar a implantação de uma formação econômica predatória após um evento de magnitude catastrófica (o terremoto de 2010) sob a roupagem da ajuda humanitária internacional.
Fonte de fomento: FAPESP

O uso do território e os circuitos da economia urbana: uma análise e interpretação das práticas econômicas populares na região costeira de São Luís/MA.

As deficiências no mundo do trabalho produzem uma diversidade econômica que representa as distintas estratégias locais de geração de trabalho e renda, reforçando a existência de um circuito inferior da economia urbana. O objetivo desse projeto é analisar e interpretar as diversas racionalidades existentes na economia popular a partir da perspectiva local da capital maranhense, São Luís. O projeto é fruto de uma rede de trabalhos com referência no projeto “Direito ao Mar: Economia Costeira da Região Metropolitana da Grande São Luís” (Processo FAPESP nº 2021/00183-4). A proposta, nesse sentido, está organizada em função dos seguintes procedimentos metodológicos: i) revisão bibliográfica sobre a temática; ii) observação sistemática dos espaços percorridos pela economia popular; e iii) entrevistas semiestruturadas com os sujeitos de interesse da pesquisa. A partir disso, pretendemos construir uma interpretação sobre as iniciativas de trabalho e renda, que apresentam várias formas, feições e conteúdos geográficos na atualidade costeira.

A análise da economia popular na costa da Ilha do Maranhão: o Direito ao Mar como efetivação do uso democrático do território

O projeto teve como objetivo aprofundar as análises e interpretações sobre o tema da economia popular na região costeira da Ilha do Maranhão. A economia popular apresenta um conjunto bastante diverso e heterogêneo de práticas não somente econômicas, mas também sociais. Esse pressuposto demanda a formulação de densos arcabouços teóricos e metodológicos capazes de investigar toda essa complexidade existente. A partir disso, a pesquisa ampliou a compreensão das formas, feições, relações sociais, relações institucionais, suas trocas e intercâmbios com a economia capitalista convencional. A pesquisa também permitiu o desenvolvimento da teoria e prática presente na proposta do Direito ao Mar, presente no auxílio “Direito ao Mar: Economia Costeira da Região Metropolitana da Grande São Luís” (Processo FAPESP nº 2021/00183-4). A investigação sobre as feições de atividades econômicas organizadas pelos segmentos populares da sociedade, e sua efetivação nos espaços públicos da orla costeira, permitiu entender em que medida essas populações estão inseridas em contextos de vulnerabilidades e fragilidades e em qual medida podem participar de movimentos de ascensão social.

Feiras econômicas: a manifestação socioespacial do circuito inferior em Araraquara/SP.

Sob o apoio de um governo municipal eleito em 2016 com o slogan “Cidade Solidária e Participativa”, foi necessária a construção de iniciativas para compreensão do fenômeno da Economia Solidária e Criativa no município de Araraquara. A Geografia foi tomada enquanto arcabouço teórico-metodológico de referência ao entendimento da problemática. A principal referência foi a teoria dos circuitos econômicos de Milton Santos (1979). Nossa proposta qualificou as práticas econômicas vinculadas às feiras como representativas do circuito inferior da economia urbana, que almeja fornecer ocupação nos circuitos gerais da produção de valores. A partir disso, realizamos levantamentos empíricos nas edições da “Rolêfeira”, aplicação de entrevistas e de questionários para estabelecer a importância dessas iniciativas enquanto estratégias de trabalho e renda, bem como analisamos a própria interface entre sociedade civil e governo local.

Território usado e sujeitos da pesca artesanal em São João da Barra (RJ): técnica e cotidiano

Geografia eleitoral brasileira: uso do território e financiamento de campanhas eleitorais

O estudo do processo eleitoral e de seus resultados, que antecede a formação de um governo, tem nas eleições um evento recorrente a cada dois anos no Brasil. A análise geográfica considera não apenas as eleições em si, mas também o território em que elas ocorrem e as circunstâncias decorrentes dessa interação. O objetivo deste estudo é compreender as estratégias locais, que impactam em escala nacional, das campanhas eleitorais e seus financiamentos durante as Eleições Gerais no período de 2002 a 2018. Serão analisados os agentes envolvidos, suas intencionalidades e a dinâmica que afeta o território em questão. Para avançar nesta investigação, serão utilizados dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e relatos jornalísticos, uma vez que algumas ações extrapolam os registros oficiais do estado brasileiro. Sintetizar o processo eleitoral e seu impacto sobre o território brasileiro pode fornecer pistas sobre o comportamento dos eleitores e dos interesses das empresas no resultado das eleições. No entanto, este estudo não deve se limitar a uma análise estática do evento. É preciso adotar uma abordagem dinâmica para entender o movimento dos processos em curso, que inevitavelmente chegam ao território e condicionam novos usos irreversíveis.

Uso do território e mercado socialmente necessário: o comércio de alimentos nas feiras livres da cidade de Campinas

A partir da análise das feiras livres, procuramos investigar a evolução do sistema de abastecimento de alimentos na cidade de Campinas (SP) e a manutenção dos mercados tradicionais em situação de complementaridade e competição com grandes redes de distribuição de alimentos no período de 2000 até 2022. Tomamos a cidade de Campinas como uma totalidade, buscando compreender o cotidiano do trabalho dos feirantes a partir da economia política da cidade. Para efeitos analíticos, focamos empiricamente as feiras livres realizadas nos bairros da Vila Joaquim Inácio, Ponte Preta, Guarani, Jardim Nova Europa, Vila Lemos e Vila Marieta, localizados próximos à região central, que evidenciam diferenças de poder aquisitivo, de dimensões das feiras em seus dias de ocorrência, bem como diferenças no fluxo de mercadorias, pessoas e capitais. Investimos na reflexão teórica acerca das feiras livres e do abastecimento alimentar, mobilizando conceitos e noções que consideramos centrais para o desenvolvimento desta pesquisa, a saber: o acontecer solidário, as economias de proximidade, o mercado socialmente necessário, e os circuitos da economia urbana. Recorremos à realização de trabalhos de campo, visitas técnicas e levantamento de dados secundários a fim de compreender (a) a participação das feiras livres no abastecimento de alimentos no município de Campinas de acordo com a tipologia dos produtos distribuídos e quantidade comercializada; (b) a dimensão dessa economia de proximidade na grande cidade; (c) a permanência da feira livre; e (d) a organização do trabalho do feirante

Território, Espaço Banal e Soberania: a Privatização da Petrobrás.

Este trabalho analisa as causas do processo de privatização da Petrobrás no contexto da globalização perversa buscando compreender as consequências no espaço banal brasileiro. A Petrobrás é parte da construção de um projeto soberano para o Brasil, resultado no papel do Estado em construir seu território como abrigo dos brasileiros. O processo de globalização observado na economia mundial desde meados da década de 1970, no entanto, vem impondo aos territórios diversos mecanismos de financeirização das atividades nacionais, este é o contexto das privatizações dos serviços públicos e das estatais nas quais se insere a Petrobrás. Este movimento de privatizações vai transformando o território como abrigo dos brasileiros em território como recurso da acumulação financeira. Este movimento desfuncionaliza os recursos específicos do território, desagrega redes de funcionamento social e territorial comprometendo sua finalidade original de atender os sujeitos nacionais. Essa desfuncionalização do território é percebida com maior criticidade no cotidiano dos pobres brasileiros, comprometendo a qualidade do espaço banal, lugar da vida das pessoas comuns e seu acesso aos direitos básicos de cidadania. A privatização da Petrobrás compromete a soberania nacional ao mesmo tempo em que diminui a potência, a possibilidade, da construção da cidadania no país.