Projeto Rio Silveira

Apopulação Guarani da Terra Indígena Rio Silveira enfrenta um processo de descaracterização e relevante perda de suas tradições, sendo crescente o afastamento de antigos valores culturais e de modos de vida de gerações passadas, especialmente no desenvolvimento de rituais religiosos e de uso do território. A aldeia conta com aproximadamente 474 indígenas que ocupam 948 hectares de terra, no limite da escarpa da Serra do Mar com a faixa litorânea.
Esta população perdeu parte de seu território com o avanço da urbanização no litoral norte paulista ocorrido, sobretudo, a partir da década de 1960, e passa a conviver cotidianamente com os novos habitantes não indígenas que adquiriram casas de veraneio e/ou de moradia, particularmente no distrito de Boracéia, entre os municípios de Bertioga e São Sebastião. Atualmente esse grupo indígena mantém-se da venda de artesanatos à beira da rodovia Rio-Santos e de pequenas atividades agrícolas, da coleta e da pesca em áreas dentro da aldeia.
Embora a comunicação realizada pela comunidade da aldeia ocorra em guarani e tenham aumentado os mecanismos de proteção e preservação cultural desse grupo indígena, a longa convivência com as outras populações fora da aldeia, o desaparecimento de seu espaço de pesca, caça e agricultura, e a elevada taxa de mortalidade ao longo das últimas décadas (devido ao contato com a população não indígena), produziu uma irreparável perda do modo de vida e das referências territoriais dessa população.
Além disso, o fato dessa população habitar uma reserva perto da área urbana e da principal rodovia que atravessa o litoral norte, a Rio-Santos, bem como a pouca terra pertencente à comunidade que a limita para práticas de antigos usos da comunidade, como viver dos recursos naturais existentes, contribui para a fragmentação social do grupo. Isso ocorre, também, pela crescente dependência de dinheiro e de ajuda do Estado, que ocorre, atualmente, por meio de cestas básicas distribuídas pela Prefeitura Municipal de Bertioga.