Entre as diversas faces assumidas pela urbanização contemporânea, os processos de refuncionalização e revalorização de centros urbanos têm desempenhado papel de destaque nas estratégias públicas e privadas de reorganização territorial das cidades em todo o mundo. Anteriormente restrito a algumas metrópoles do capitalismo avançado, a partir da década de 1990 esse processo se difundiu globalmente e atingiu com as mediações das formações socioespaciais e dos lugares, várias metrópoles dos países periféricos. Após longos períodos de desvalorização imobiliária e migração de parte das atividades do circuito superior da economia urbana, os centros históricos têm sido tomados por intervenções que buscam mobilizar os atributos materiais e simbólicos desses subespaços como instrumento de uma política urbana voltada para a atração de investimentos, consumidores e turistas e de criação de imagens hegemônicas das cidades. Muitas cidades brasileiras, seguindo a tão difundida experiência internacional, tem apostado na afirmação dos usos culturais e na atração de atividades informacionais como os catalisadores ideais para as transformações urbanas pretendidas para as áreas centrais. Desde a década de 1990, essas concepções têm sido os principais suportes do projeto de revalorização do centro paulistano e vem aglutinando tanto as políticas do planejamento territorial estatal como as estratégias de diversos agentes econômicos, aprofundando a urbanização corporativa da metrópole paulistana. Neste trabalho, propomos analisar as variáveis explicativas da revalorização contemporânea do centro de São Paulo (2005-2012), considerando os agentes sociais envolvidos, as concepções que orientam as ações, os instrumentos técnicos e políticos mobilizados e as disputas pelo uso do território do centro paulistano, com o intuito de contribuir para estruturar uma reflexão sobre os nexos que constroem o atual projeto hegemônico de reorganização do território da área central da metrópole.