Pesquisadores e Docentes

Logística do pequeno produtor agropecuário voltado ao abastecimento alimentar

Ricardo Castillo

Resumo: A logística emerge como atividade econômica e se torna imprescindível para a competitividade das grandes empresas, de frações do território e de cadeias produtivas de alcance nacional e global a partir do atual paradigma de acumulação (produção flexível) nos países centrais e desde os anos 1990 no Brasil. Paralelamente a este movimento e a ele articulado, os circuitos curtos de abastecimento, comercialização e distribuição de alimentos começaram a se tornar, em alguns casos, cada vez mais complexos. Diante deste fenômeno, parecem adequados para a reprodução dos pequenos agentes da agropecuária e prestadores de serviços associados o reconhecimento e o desenvolvimento de uma logística voltada para as suas necessidades. Propõe-se, assim, aperfeiçoar os fundamentos teóricos e metodológicos e avaliar as possibilidades práticas para elaborar uma pauta de pesquisa sobre a logística dos agentes do circuito inferior das economias urbana e agrária, com ênfase na produção familiar de alimentos, nos circuitos curtos de comercialização de maneira geral e nas compras institucionais de maneira particular.

Financiadores: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

O desafio da produção regional de alimentos em regiões produtivas especializadas: proposições para o fortalecimento dos circuitos curtos em Mato Grosso do Sul

Ana Carolina Torelli Marquezini Faccin

Resumo: com este projeto pretendemos investigar as potencialidades da produção regional de alimentos dado o contexto sul-mato-grossense de apresentar regiões produtivas extremamente especializadas em todo o seu território. Reconhecidas as regiões da soja, cana-de-açúcar, silvicultura, pecuária e mineração no estado, propomos o foco em alternativas e soluções inovativas voltadas a outros tipos de produção de alimentos (sendo esta produção sendo praticada em menor escala e ligada ao consumo regional). As regiões competitivas do agronegócio, altamente especializadas e com tendência à expansão, orientam-se por uma lógica global alheia à própria existência regional e sobre a qual não possui formas de controle. A rigorosa especialização produtiva resulta em processos de fragmentação do território nacional ao mesmo tempo em que torna frágil a estabilidade dos elos regionais e da vida em sociedade que lhe dá significação. Pretendemos analisar as atuais condições e potencialidades de outras formas de produzir alimentos, especialmente modelos de produção local, cujo circuito curto abrange a agricultura familiar, agroecologia, produção orgânica, com aumento considerável da diversificação produtiva e soberania alimentar.

Desindustrialização no território brasileiro: a contribuição da Geografia para o debate nacional

Lisandra Lamoso

Resumo: A indústria desempenha um papel protagonista no processo de desenvolvimento econômico nacional ao provocar estímulos à inovação, ciência e tecnologia tanto à montante (agricultura) quanto à jusante (serviços). Seu grau de complexidade está associado à qualidade da inserção internacional do país bem como à densidade de sistemas de infraestrutura, fluxos, circulação e serviços como fenômenos essencialmente territoriais. Dada a importância da indústria, o recente processo de desindustrialização, pelo qual passa a economia brasileira, tem sido objeto de estudos de diversas áreas do conhecimento, particularmente, para as Ciências Econômicas. Ao admitirmos que não há processos que se realizam fora do espaço, entendemos que a Geografia pode contribuir para o debate em curso. Este projeto tem por objetivo compreender o processo de desindustrialização considerando o espaço geográfico como instância de análise. A partir daí se desdobram três objetivos específicos: compreender a distribuição espacial da desindustrialização por unidades da federação; verificar em que medida os processos de reprimarização da pauta exportadora e desindustrialização se relacionam; e construir um quadro analítico para a compreensão da desindustrialização, empregando um arcabouço conceitual geográfico. Sua metodologia parte de dados secundários, disponíveis nos bancos oficiais (IBGE e MDIC), além de farta revisão bibliográfica que dialoga com as Ciências Econômicas, estabelecendo interdisciplinaridade e inserindo a Geografia no debate conceitual contemporâneo. A pesquisa se justifica pela importância do debate qualificado, para que a participação da indústria no desenvolvimento econômico seja acompanhada de inclusão social, geração de empregos qualificados, incorporação de inovação, ciência e tecnologia.

Financiadores: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Participação das exportações do agronegócio brasileiro no mercado internacional de commodities

Lisandra Lamoso

Resumo: A dinâmica do mercado internacional influi sobremaneira nos usos do território ao mesmo tempo em que há uma base territorial explicativa para o desempenho da inserção nacional. Este plano tem o objetivo de caracterizar os fatores que conferem competitividade às exportações de commodities agrícolas e minerais pelo Brasil; problematizar a noção de “reprimarização” com base no caso brasileiro; compreender o que representam os vetores da demanda internacional para o uso do território sul-mataogrossense. Parte da hipótese de que o ciclo de alta das commodities não é suficiente para explicar a reprimarização da pauta exportadora e que o aumento das exportações é resultado de um conjunto de combinações geográficas.

A internet das coisas e as novas dinâmicas na produção agrícola do campo brasileiro

Mait Bertollo

Resumo: Os objetos informacionais empregados no campo brasileiro se desenvolvem e ampliam sua participação em atividades que resultam num aumento potencial da produção. No setor do agronegócio, esses sistemas e objetos técnicos como sensores, equipamentos e máquinas, conectados digitalmente através da Internet das Coisas (Internet of Things ou IoT), permitem o compartilhamento de grandes volumes de dados dos mais variados tipos e com maior fluidez, alimentando inúmeros sistemas para o controle de diversas etapas dos distintos circuitos espaciais produtivos, como a detecção e monitoramento da produção, o desenvolvimento de culturas, o desempenho na criação de animais, o processamento de alimentos e análise preditiva das variáveis meteorológicas. As operações são realizadas remota e automaticamente por equipamentos como smartphones, tablets e maquinários agrícolas computadorizados. A partir do advento da Internet das Coisas o ritmo de crescimento dos dados e sua velocidade aumentam exponencialmente e demandam a conexão dos estabelecimentos rurais e etapas da produção às redes de telecomunicações. A análise dos agentes envolvidos no desenvolvimento, difusão e conexão desses sistemas e os impactos na produção agrícola pode oferecer respostas sobre o uso da IoT no campo brasileiro, como uma possibilidade de mitigar as disparidades entre os grandes e pequenos produtores por meio da difusão e banalização do uso das tecnologias da informação e infraestruturas de internet no contexto da agricultura familiar, aproveitando os conhecimentos diversos de pequenos e médios produtores e cooperativas.

Financiadores: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) – Bolsa.