A cidade de São Paulo centraliza, no atual período, o comando do mercado de capitais brasileiro, monopolizando toda a negociação de ações do país através da bolsa BM&FBovespa e abrigando diversos agentes desse mercado. Como os sistemas técnicos que dão suporte ao mercado de capitais hoje são baseados na informática e na informação atualizada em tempo real, a centralidade financeira passou a se definir, também, pela presença de um circuito ligado à produção e circulação de informações.

Buscamos, no presente trabalho, compreender como a cidade de São Paulo se reorganiza a partir desse abrigo ao comando do mercado de capitais brasileiro e ao circuito da informação financeira. Dessa forma, esperamos contribuir para o entendimento das tendências atuais da urbanização brasileira e dos novos conteúdos do território brasileiro a partir de duas variáveis-chave do período histórico atual: finanças e informação.

Os fluxos de informação financeira chegam como verticalidades aos lugares, regendo ações definidoras das transformações dos territórios nacionais especialmente no terceiro mundo. Investigamos, aqui, esses novos conteúdos que chegam ao território brasileiro e, especialmente, a São Paulo, metrópole financeira e informacional do país.

Ancorados no discurso da “cidade global”, e mais recentemente do “centro financeiro latino-americano”, projetos modernizadores são implantados em São Paulo, seletivamente em algumas áreas de centralidade econômica. Esses projetos são impulsionados pelo mito do crescimento e baseados fortemente em uma psicosfera que defende um “poder de sinergia” dessas áreas para o crescimento da cidade, supondo que os problemas da desigualdade socioespacial seriam automaticamente resolvidos. Os subespaços de São Paulo que abrigam as atividades hegemônicas – com destaque às ligadas ao mercado de capitais – passam, assim, a receber grandes quantias de investimento público.

A partir desses novos conteúdos que fazem parte da reorganização recente da cidade, São Paulo revela a urbanização corporativa que está em curso no território brasileiro. Observamos São Paulo como uma metrópole corporativa e fragmentada, voltada à solução dos problemas dos agentes econômicos hegemônicos, com o Estado utilizando os recursos para fomentar essas atividades em lugar de responder às demandas sociais, tendo como resultado um agravamento da desigualdade socioespacial.