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Cidades brasileiras crescem mais em encostas e áreas de risco

País também enfrenta expansão das favelas, diz levantamento do MapBiomas.

Áreas sujeitas a risco de deslizamentos de terra tiveram o maior crescimento da ocupação urbana brasileira das últimas quatro décadas, mostra levantamento do MapBiomas divulgado neste ano.

Iniciativa de universidades e organizações não governamentais para estudar o uso do solo no país, o MapBiomas diz que o Brasil tem 47,6 mil hectares de encostas ocupadas, sendo que em 33,2 mil hectares (70%) essas moradias surgiram de 1985 e 2023.

O dado indica um avanço 3,3% da mancha urbana sobre encostas, algo significativamente superior ao crescimento médio de 2,4% das áreas urbanizadas em todo o país no mesmo período.

A estudante de Geografia da Unicamp e pesquisadora no LEHG, Andréia Mendonça Zambanini da Silva, que vem desenvolvendo um trabalho de pesquisa, sob orientação do Prof. Dr. Antonio Carlos Vitte, discutindo os desastres ambientais recentes, como foco no município de São Sebastião, que é foto de capa desta publicação, no litoral norte do Estado de São Paulo, argumenta que “nas últimas décadas, observou-se um aumento no número de desastres ambientais devido à intensificação dos eventos extremos”.

Para Andréia, no entanto, a discussão deve ir além da ocorrência do evento em si; entender a formação do espaço e as relações natureza-sociedade amplia as análises e estratégias para a compreensão crítica do espaço geográfico. Essa abordagem oferece uma lente poderosa para entender e transformar as injustiças sociais deflagradas quando ocorre um desastre.

Tendo como propósito principal em sua pesquisa compreender como a acumulação por despossessão, um fenômeno intrinsecamente ligado à dinâmica do capitalismo, se manifesta também em contextos de desastres ambientais. No litoral norte do estado de São Paulo, especificamente em São Sebastião, o evento de fevereiro de 2023, provocado por fortes chuvas, acarretou deslizamentos e inundações, evidenciando a interação entre fatores naturais e antrópicos exacerbados pelas ocorrências climáticas globais.

Mapa de Localização de São Sebastião 2023. Elaboração: Andreia M Z da Silva – Fonte: IBGE

Andréia chama a atenção que:

Sua pesquisa aponta para a persistência da lógica da acumulação capitalista em contextos de desastres ambientais. Em São Sebastião, a expansão desordenada e a gestão inadequada do solo criaram um cenário propício para tragédias, evidenciando a necessidade de políticas públicas que priorizem a proteção das populações vulneráveis e o manejo sustentável do território.

Andreia M Z da Silva, estudante de Geografia e pesquisadora no Laboratório de Epistemologia e História da Geografia – LEHG/Unicamp.

Fonte:
Texto e imagem – Folha de São Paulo
e Congresso de Iniciação Científica da Unicamp.

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