Texto: Andréia Mendonça Z da Silva e Paulo Rufino
De 15 a 18 de outubro de 2024, Salvador (BA) se tornou palco de um dos eventos mais relevantes para os estudos geográficos no Brasil. O VI Encontro Nacional de História da Geografia e o IV Encontro Nacional de Geografia Histórica tendo como tema: “Travessias, Intercâmbios e Circulação do Conhecimento Geográfico”, realizado no Instituto Federal da Bahia, reuniram intelectuais de renome, pesquisadores, professores e estudantes para um mergulho profundo na história, no presente e nas possibilidades futuras da Geografia.
O evento contou com a participação de convidados ilustres, como Deborah da Costa Fontanelle, Jorn Seemann, Larissa Alves de Lira, Maria Auxiliadora da Silva, Paulo Cesar da Costa Gomes, Pedro de Almeida Vasconcelos entre outros. Encontros como este vão além do simples compartilhamento de conhecimentos. Eles oferecem a oportunidade de troca de experiências, ampliação de horizontes e construção de redes de pesquisa. Estudantes de graduação em especial de pós-graduação, ao se envolverem nesse tipo de evento, ganham novas perspectivas para suas trajetórias acadêmicas e profissionais. Além disso, são ambientes que estimulam reflexões críticas e promovem o crescimento intelectual colaborativo.
O encerramento ficou marcado pela conferência ministrada pelo Prof. Pedro Vasconcelos, que apresentou uma análise detalhada sobre a escravidão e sua relação com a formação do Brasil em especial de Salvador, esta embasada em documentos históricos. Uma abordagem que provocou intensas reflexões sobre as raízes históricas das desigualdades brasileiras e a necessidade de ampliar a reflexão geográfica no contexto atual.
Protagonismo acadêmico
Entre os participantes, destacou-se a presença de membros do Laboratório de Epistemologia e História da Geografia (LEHG), coordenado pelo Prof. Antonio Carlos Vitte, docente da Unicamp. Os alunos Andreia Mendonça Z. da Silva, Késia Rodrigues dos Santos, Marcus Henrique Oliveira de Jesus, Paulo Roberto da Silva Rufino e Sandra Freitas Santos representaram o grupo, apresentando trabalhos e participando ativamente das atividades propostas no evento.
Para a aluna Andreia Mendonça, o workshop “Problemas de História da Geografia Francesa a partir da circulação dos livros de Camille Vallaux na Itália (1910-1940)” foi um dos momentos mais marcantes. Segundo ela, “foi uma experiência provocativa, que expandiu minha percepção sobre as oportunidades de estudo e reflexão além das abordagens tradicionais da academia.”
O evento não apenas revisitou a história da Geografia, mas também lançou luz sobre a conexão entre passado e presente. Os debates refletiram como a trajetória acadêmica e os métodos de pesquisa são fundamentais para compreender o contexto social e político atual, especialmente em um país como o Brasil, marcado por intensas transformações e desafios estruturais.
A organização impecável e a energia única de Salvador foram marcas no evento. O cumprimento rigoroso dos horários contrastou positivamente com o calor humano típico dos soteropolitanos, que souberam combinar acolhimento e cronograma proposto.
A vivência em eventos como este é insubstituível para o amadurecimento acadêmico. É a partir desse intercâmbio que se constrói uma ciência mais sólida e conectada com a sociedade.