A professora e pesquisadora Adriana Bin, coordenadora da Frente 2 da Pesquisa da Pesquisa, foi uma das palestrantes do evento “Gestão da Pesquisa: uma visão estratégica”, promovido pela Pró-Reitoria de Pesquisa (PRP) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em parceria com a Elsevier e o Grant Office da Unicamp. A atividade faz parte do “Ciclo de Palestras da PRP”, e aconteceu no dia 10 de junho, no Centro de Convenções da Unicamp.
Intitulada “Meta-research: an urgent discussion” [Meta-pesquisa: uma discussão urgente], a palestra abordou a relação entre a gestão, práticas e políticas de pesquisa. “O tema da meta-pesquisa tem diferentes nomes. Podemos chamar de ciência da ciência, pesquisa da pesquisa, meta-ciência… em linhas gerais, estamos falando de um campo que investiga como a pesquisa é financiada, conduzida, disseminada, utilizada e avaliada”, explica Adriana Bin.
A pesquisadora destaca que, mais do que observar e buscar entender as dinâmicas da pesquisa, esse campo de estudos tem como objetivo melhorar a qualidade, confiança, credibilidade, eficiência e a própria geração de impacto da ciência.
Contexto histórico da ciência da ciência
Em sua palestra, Adriana Bin fez um apanhado histórico dos primeiros estudos da “ciência da ciência”, destacando as pesquisas pioneiras da Polônia no século XX, com a criação de periódicos que abordavam a organização e desenvolvimento da ciência polonesa. “Essa contribuição não passou despercebida. O Organon [periódico polonês que aborda a ciência da ciência] foi feito em 1935, na Polônia, mas em 1936 ele foi citado na Nature”, destaca Bin.
Desde a década de 1970, foram estabelecidos diversos centros, unidades, grupos de pesquisa e deparatmentos ligados ao tema da pesquisa da pesquisa. “A Unicamp não foge disso. Ela teve a criação do Núcleo de Pesquisa Científica e Tecnológica, que depois se transformou no Departamento de Política Científica e Tecnológica, ligado ao Instituto de Geociências”, afirma.
A nova pesquisa da pesquisa
A partir de 2010, a meta-pesquisa teve mudanças significativas, com a ampliação do movimento que discute a responsabilidade da pesquisa e da inovação, envolvendo a ética e a governança. “Quem determina o que vai ser pesquisado, e para quem?”, diz a pesquisadora.
Outros temas, como vieses, equidade, diversidade e inclusão na ótica da pesquisa e ciência aberta e pesquisa orientada pela missão e impactos além da crise da reprodutibilidade se somaram a esse debate.
“Nesse contexto, surge uma nova ciência da ciência, que se diferencia do movimento anterior por uma questão de clamar pelo uso do método científico para estudar a ciência de forma muito integrada com o uso de dados”, afirma Adriana Bin.
O uso da ciência de dados, com destaque para as grandes bases de dados e a inserção de novos atores neste debate, como criadores de políticas e financiadores da pesquisa, também são marcas da nova era da ciência da ciência.
Pesquisa da Pesquisa
Na Unicamp, o projeto Pesquisa da Pesquisa, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), é um exemplo disso. Utilizando a ciência de dados, o projeto investiga em suas 4 frentes diversos aspectos que envolvem a organização e a dinâmica da pesquisa brasileira, e como ela pode ser melhorada.
A palestra completa da pesquisadora Adriana Bin está disponível no YouTube, e pode ser acesada clicando aqui.