por Diego F.T. Machado – Conservação do Solo e Proteção dos Recursos Naturais: Um Compromisso para um Futuro Sustentável
No dia 14 de março de 2023, foi realizado o XIV Seminário sobre Conservação do Solo e Proteção dos Recursos Naturais, no auditório do Instituto Agronômico (IAC), em Campinas/SP.
O evento reuniu profissionais e pesquisadores de diversas áreas, dos setores público e privado, com o objetivo de discutir a importância da conservação dos solos e a adoção de práticas mais sustentáveis na agricultura.
Em parceria com a Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA), Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), Instituto Agronômico (IAC) Instituto de Geociências (IG) e Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri)/Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e a Fundação de Amparo à Pesquisa Agrícola (Fundag), o evento foi integrado às comemorações do Dia Nacional da Conservação do Solo, celebrado em 15 de abril.
Sede do Instituto Agronômico (IAC). | Foto: Diego F.T. Machado
A conservação do solo é um desafio global
De acordo com um relatório produzido pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) no ano de 2015, cerca de 33% dos solos do mundo estão degradados.
No estado de São Paulo, apesar dos esforços constantes voltados a mitigação dos processos de degradação dos solos, ainda há uma grande parcela de solos mal conservados e degradados.
Durante o evento, foram apresentados casos de sucesso na aplicação de práticas voltadas à difusão de conhecimento e técnicas para a produção com menor impacto e intervenções voltadas à conservação dos solos.
Destaques do Evento
Os Seminários
A solenidade de abertura contou com a fala do Secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Antonio Junqueira, da pesquisadora Isabella Clerici De Maria e do pesquisador Afonso Peche Filho, ambos do Instituto Agronômico (IAC).
O Laboratório de Pedologia (LABPED) do Instituto de Geociências da UNICAMP realizou uma mostra com recursos pedagógicos vinculados ao projeto financiado pelo CNPQ (PIBIC-EM) ‘Coleção de Monolitos de Solos’, que tem como objetivo a difusão de conhecimento científico sobre temas pertinentes aos Solos. A palestra conduzida por Diego F.T. Machado, Doutorando em Geografia (IG|UNICAMP), destacou a necessidade de desenvolver e sistematizar conhecimento sobre solos de modo contextualizado e a importância da utilização de recursos didáticos como os apresentados no evento, para fortalecer a difusão de conhecimentos pertinentes à conservação dos solos (Para saber mais).
Exposição Monolito – apresentada ao Publico durante o evento realizado no Instituto Agronômico de Campinas. | Foto: Diego F.T. Machado
Na sequência Daniel Malheiros do Nascimento (CDA/SAA) apresentou os benefícios dos Sistemas Integrados de Produção na Conservação do Solo, dando destaque para como a adoção de tais práticas podem apoiar o aumento da produção agrícola, e ao mesmo tempo recuperar e preservar o meio ambiente (Para saber mais).
Outro destaque do evento foi a apresentação do pesquisador do IAC, Roberto B.F. Branco. que trouxe uma perspectiva atual de produção baseada nas premissas do plantio direto e a adoção de plantas de cobertura, voltadas a produção de hortaliças. Roberto apresentou bons resultados obtidos com a aplicação do método do rolo-faca para o tombamento das plantas de cobertura como uma técnica promissora de controle de plantas daninhas em cultivos de hortaliças, com potencial para reduzir ou eliminar o uso de herbicidas (Para saber mais).
A aplicação de políticas publicas voltadas ao estimulo e valorização da adoção de práticas regenerativas e de conservação dos solos adotadas por agricultores, foi defendida pelo coordenado da CATI, Alexandre Manzoni Grassi. Tais ações visam consolidar a conservação do solo como uma política de estado em São Paulo. Algo que foi ressaltado por Gerson Cazentini Filho (CATI) ao debater sobre os instrumentos de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) com o Programa Solo+Fertil que busca aumentar a fertilidade dos solos paulistas (Para saber mais).
Faz-se importante ressaltar que a conservação do solo vai muito além do manejo nas glebas cultivadas. Pensar a gestão integrada das propriedades é fundamental, e isso inclui os caminhos que recortam as bacias. Nessa perspectiva, a fala de Cláudio Giusti de Souza (CATI) deu ênfase a importância da implementação de projetos adequados na construção de estradas rurais, visando a mitigação de processos de degradação dos solos, com destaque aos processos erosivos. (Para saber mais)
Encerrando o ciclo de palestras, Antoniane Arantes de Oliveira Roque (CATI) apresentou as bases que alicerçam programas de sucesso implementados pelo Estado de São Paulo, como linhas de financiamento e pagamento por serviços ambientais para a conservação do solo. Um destes programas, o Berços D´água, contam com modalidades de apoio na forma de subvenção econômica, correspondente ao reembolso parcial das despesas efetuadas pelos produtores rurais na adoção das práticas recomendadas (Para saber mais).
Os Minicursos
No período da tarde, dois minicursos encerraram as atividades. Denilson P. de Godoy e Marcelo T. Onoe (CATI) apresentaram algumas das práticas conservacionistas adotadas no escopo do programa Berços D’água e RADGE (Recuperação de Áreas Degradadas por Grandes Erosões) (Para saber mais). Por fim, Afonso Peche Filho (IAC) apresentou as bases científicas envolvidas nos processos de transição agroecológica, numa perspectiva de produção com menores impactos ambientais (Para saber mais).
Inspiração e Fortalecimento das Redes!
Os participantes puderam trocar ideias e compartilhar conhecimentos, enriquecendo o debate sobre a importância da conservação do solo e a necessidade de adoção de práticas sustentáveis na agricultura.
A disseminação de conhecimento técnico-científico e a promoção de políticas públicas voltadas à recuperação e conservação do solo foram destacadas por todos os participantes. A partir das falas realizadas ao longo do evento, é certo dizer que a conservação do solo é fundamental para garantir a sustentabilidade da agricultura a longo prazo, protegendo os recursos naturais e garantindo a produção de alimentos de forma mais sustentável.
Membros da comissão organizadora e palestrantes do XIV Seminário sobre Conservação do Solo e Proteção dos Recursos Naturais | Foto: Érika Cristina Nesta Silva
Além disso, é importante ressaltar a importância do engajamento de diferentes atores na promoção da conservação do solo. A participação ativa de produtores rurais, pesquisadores, extensionistas, órgãos governamentais, organizações não governamentais e demais envolvidos no setor agrícola é fundamental para disseminar práticas sustentáveis, promover políticas públicas adequadas e buscar soluções inovadoras para os desafios enfrentados na conservação do solo.
Ao final do evento, os participantes saíram inspirados e motivados a contribuir para difusão de ideias e práticas mais sustentáveis para agricultura, visando a conservação do solo e a proteção dos recursos naturais. A troca de experiências e conhecimentos entre os participantes contribuiu para ampliar a conscientização sobre a importância da conservação do solo e para incentivar a adoção de práticas mais sustentáveis na agricultura.
Cleusa Pinheiro – Jornalista MTB 28.487 – Centro de Comunicação Rural (Cecor)/CATI/SAA – cleusa.pinheiro@sp.gov.br
Em sua 14.ª edição, o tema central do Seminário será a revitalização da conservação do solo e da água, com foco no redesenho do uso e manejo do solo em áreas urbanas e rurais. O evento acontece no dia 14 de abril, as inscrições são gratuitas e com direito a certificado.
Integrando as comemorações do Dia Nacional da Conservação do Solo, celebrado em 15 de abril e instituído por lei federal em 1989, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA), por meio da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI) e do Instituto Agronômico (IAC)/Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), ao lado de parceiros – Defesa Agropecuária (CDA)/SAA, Instituto de Geociências (IG) e Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri)/Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Fundação de Amparo à Pesquisa Agrícola (Fundag) -, realizam, no próximo dia 14 de abril, o XIV Seminário de Conservação do Solo e Recursos Naturais.
“A segurança alimentar e os serviços ecossistêmicos são fundamentais para nosso desenvolvimento e dependem diretamente da conservação do solo e da água, tema que vem sendo estudado, avaliado e debatido, aprimorando o conhecimento de técnicas para redução da erosão, bem como para manutenção da saúde do solo”, ressalta Isabella Clerici De Maria, pesquisadora do IAC.
Segundo Antoniane Arantes de Oliveira Roque, líder do Grupo Técnico de Conservação do Solo e da Água da CATI e um dos organizadores do evento, “muitos esforços para divulgar e implementar projetos têm sido feitos pelo poder público, pelos produtores e por entidades públicas e privadas. No entanto ainda há uma grande extensão de solos mal-conservados e degradados no Estado de São Paulo”.
Processo de erosão linear – Voçoroca – no município de São Pedro – SP
Nesse contexto, Antoniane ressalta que o objetivo do evento é divulgar soluções, projetos com bons resultados e conceitos que não podem ser esquecidos, os quais devem estar no cotidiano da ocupação territorial rural. “Além disso, o Seminário visa reciclar o conhecimento de pesquisadores, técnicos, produtores rurais, estudantes e demais interessados; divulgar as políticas públicas oferecidas pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento voltadas à recuperação e conservação do solo, como o Programa Solo+Fértil e o Programa de Pagamento por Serviços Ambientais, que engloba os projetos Águas Rurais e Berços d’Água – Recuperação de Áreas Degradadas por Grandes Erosões (Radge), além de sensibilizar a sociedade em geral quanto à necessidade de conscientização sobre essa temática”.
Programação
Durante o evento, o secretário de Agricultura e Abastecimento, Antonio Julio Junqueira de Queiroz, e o coordenador da CATI, Alexandre Manzoni Grassi, falarão sobre “A conservação do solo como política de estado”, reportando-se às linhas de crédito disponíveis e aos programas e projetos desenvolvidos pela SAA.
Na parte da manhã, os demais temas serão apresentados por técnicos da CATI e pesquisadores do IAC/APTA e do Instituto de Geociências da Unicamp. “Revitalização da Conservação do Solo e da Água” será o tema da palestra dos pesquisadores do IAC/APTA, Isabela Clerici De Maria e Afonso Peche Filho. A programação matutina acontece no Auditório do IAC, na Av. Barão de Itapura, 1481.
O período da tarde (das 14h às 17h20) está reservado para os minicursos que serão realizados no Centro Experimental do Instituto Agronômico ─ Fazenda Santa Elisa, localizada naAvenida Theodureto de Almeida Camargo, 1500. “Propriedade rural como um berço d´água é o tema do minicurso conduzido pelos extensionistas da CATI Regional General Salgado, Denilson Perpétuo de Godoy e Marcelo Takashi Onoe.
As inscrições para os minicursos podem ser feitas durante o evento.
Serviço
XIV apta de Conservação do Solo e Recursos Naturais
Data: 14/4/2023
Horário: Das 8h às 17h20
Local: Auditório do IAC – Av. Barão de Itapura, 1481 – Manhã | Centro Experimental/Fazenda Santa Elisa/IAC – Av. Theodureto de Almeida Camargo, 1500 – Tarde
No dia 27 de agosto, mais de mil pessoas visitaram o Instituto de Geociências durante o Unicamp de Portas Abertas 2022.
Milhares de alunos do ensino médio participaram do UNICAMP de Portas Abertas, evento anual que tem por objetivo apresentar aos alunos a diversidade de cursos e pesquisas desenvolvidas nos Institutos e Departamentos da Universidade Estadual de Campinas.
Ao longo do dia,cerca de 1160 pessoas visitaram o Instituto de Geociências e tiveram acesso a oficinas, palestras, exposição e interação entre estudantes e professores do IG e aqueles que buscam uma vaga nos diversos cursos da Universidade.
O tema da atividade proposta pela equipe do LABPED foi, “Solo não é Sujeira“. Buscou-se apresentar a diversidade de solos e suas características, demonstrando a importância na identificação, caracterização e espacialização dos diferentes tipos de solo para um uso mais sustentável das terras.
Equipe LABPED no UPA 2022
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Sobre as atividades
A oficina contou com a exposição da Coleção de Monólitos de Solos, projeto em andamento que tem por objetivo apresentar as principais ordens de solo que ocorrem no Município de Campinas – SP e complementarmente, no Brasil.
Os participantes puderam ter uma noção do processo de evolução dos solos, através de uma sequência didática, partindo desde solos pouco desenvolvidos como Neossolos e Cambissolos até os mais intemperizados, como Argissolos e Latossolos.
Um experimento para demonstrar os efeitos da compactação permitiu aos visitantes observar o impacto que este tipo de degradação pode causa no desenvolvimento das raízes das plantas nas características dos solos.
Além disso, durante a oficina de pintura com tintas a base de solos, através de uma abordagem mais lúdica, os alunos puderam conhecer um pouco mais sobre algumas das propriedades que atribuem diferentes características aos solos, como sua composição granulométrica e seus agentes pigmentantes.
Um olhar sobre o impacto dos seres humanos a partir das formas destruídas, produzidas e/ou alteradas na superfície terrestre.
Nos últimos anos temos visto, em diversos meios, o quanto a sociedade tem alterado as características naturais de diferentes paisagens, no decorrer do processo de produção do espaço. Nesse sentido, incluem-se as modificações nos aspectos climáticos, da biodiversidade, dos solos, dos relevos, dos componentes geológicos, etc.
Com particular atenção à geomorfologia, geologia e pedologia, a perspectiva dos terrenos tecnogênicos surge como uma possibilidade de classificar e interpretar os resultados da ação da sociedade nos processos e elementos relativos à superfície terrestre.
Cabe observar que quando falamos de “sociedade” não estamos nos referindo a um humano genérico, mas sim, ao estudar essas e outras modificações na paisagem, precisamos sempre esclarecer de QUAL ser humano estamos falando, ou melhor, a qual classe e fração de classe social pertence, especificamente, esses seres humanos que estão causando as modificações e aqueles que estão se beneficiando ou sofrendo as consequências dessas ações.
Os Terrenos Tecnogênicos
A perspectiva de estudo considerando especificamente a terminologia “Terrenos Tecnogênicos” passa a ter destaque no Brasil em 2014 (PELOGGIA et al., 2014), a partir de um artigo publicado com o intuito de propor e discutir uma classificação geológica de terrenos artificiais, ou seja, daqueles terrenos formados e/ou alterados pela ação do ser humano, em situações que resultaram na intensificação de processos erosivos e deposicionais diversos, cortes e aterros originados por ação mecânica direta, além da própria alteração in situ, a exemplo de contaminações, compactações, etc.
Neste processo de discussão e classificação, os autores utilizaram diferentes referenciais, dentre os quais de origem britânica, estudos soviéticos e do leste europeu. Portanto, houve no decorrer da escrita desse artigo, a tentativa de abarcar as diversas situações de geotecnogênese, referente a alterações nos solos, nos sedimentos, nos aspectos geológicos, como cortes nas rochas e mineração, e no relevo. Essa classificação passou por algumas atualizações e hoje boa parte dos trabalhos utilizam a publicada em Peloggia (2017)(Quadro 1).
Geotecnogênese: conjunto da ação humana transformadora sobre o ambiente, envolvendo a alteração dos processos da dinâmica externa, sejam estes erosivos ou deposicionais, resultando na criação de formas de relevo (tecnogênico) e na formação dos depósitos tecnogênicos. (PELOGGIA; OLIVEIRA, 2005).
Quadro 1: Classificação de Terrenos Tecnogênicos (Antropogênicos) para a mapeamento geológico e geomorfológico – Fonte: Peloggia (2017).
O Antropoceno
Ao passo que não dá mais para negar que a sociedade, com suas diversas possibilidades técnicas, tem imprimindo sua marca nas paisagens, surge no início dos anos 2000 a ideia do Antropoceno (CRUTZEN; STOERMER, 2000; CRUTZEN, 2002).
Interpretações e proposições mais recentes, que vem sendo discutidas em diversas esferas, como dentro da Subcommission on Quaternary Stratigraphy (em particular os trabalhos de pesquisadores que fazem parte do Anthropocene Working Group) trabalham com a possibilidade do Antropoceno ser uma nova época geológica, ainda incluída no período Quaternário.
Esta nova época Geológica teria provável início na metade do século XX, momento a partir do qual intensificam as “assinaturas”, ou melhor, evidências das ações da sociedade nos solos, na elaboração de depósitos artificias, na presença de novos tipos de “minerais” em diversos ambientes, em “antroturbação” (interpretada como uma bioturbação de origem humana), em alterações relativas à elevação do nível do mar, nas alterações geoquímicas na criosfera e nos espeleotemas, além de contaminações nos solos e precipitações de radiogênicos, em particular os específicos dos bombardeios e testes nucleares (WATERS et al., 2014).
“New Awful Changes – the human geological stratum rediscovered”. Acrílico e colagem sobre tela, 100 x 70 cm, por Alex Peloggia, 2018 (obra e explicação sobre ela disponível em: https://ppegeo.igc.usp.br/index.php/rig/issue/view/1228). Observação sobre a imagem: se, no futuro, o ser humano deixasse de existir e outros seres estudassem o estrato geológico humano, quais seriam as interpretações possíveis sobre as características da espécie humana e de suas diferentes culturas, a partir o registro material? Parte importante desses registros estaria relacionada ao que se está denominando de época do Antropoceno
Mas quais são as possíveis relações dos terrenos tecnogênicos com o Antropoceno?
Uma das principais relações que podemos destacar é que boa parte das evidências relativas ao Antropoceno podem ser encontradas em terrenos tecnogênicos de agradação, como a presença de novos materiais, especialmente plástico e concreto (este último não necessariamente novo, mas mais amplamente utilizado em construções pós Segunda Guerra Mundial, como em reconstruções em cidades europeias). Estes materiais são encontrados em diferentes ambientes (Figura 1), inclusive em aterros, bancos de sedimentos em áreas de planícies aluviais (isso só para destacar a relação com terrenos tecnogênicos, fora a presença, especialmente dos plásticos, em ambientes que teoricamente não possuem ocupação humana direta, mas que foram transportados pelos oceanos).
Figura 1: Exemplo de área com deposição tecnogênica (terreno tecnogênico de agradação) Fonte: Silva (2017).
De acordo como Peloggia (2017), do ponto de vista geológico-geomorfológico, os terrenos tecnogênicos podem ser classificados como em quatro classes:
Agradação – resultantes da acumulação de material
Degradação – remoção ou deslocamento de material
Modificados – derivados da transformação in situ do material
Complexos – terrenos com sobreposição de diferentes ações (agradação e/ou degradação).
Muitos desses materiais, cujo uso cresce vertiginosamente após a metade do século XX (Figura 2), permanecerão nos ambientes como testemunho, numa perspectiva futura arqueológica, das características das sociedades atuais. Ainda em relação a essas deposições, Waters et al. (2018) trabalham com a ideia de que essas áreas de deposições originadas pela ação humana podem ser consideradas entre os possíveis paleoambientes que abarcam marcadores estratigráficos relativos ao Antropoceno.
Já no caso de terrenos que tiveram retirada de material em subsuperfície para instalação de infraestruturas como tubulações e linhas de metrô, em muito se conectam com a ideia da “antroturbação”.
Além disso, mesmo áreas teoricamente “naturais”, com pouca ou nenhuma mobilização de materiais, nas quais os terrenos tecnogênicos são classificados como “modificados”, podem ter sofrido processos de contaminações e modificações de suas características geoquímicas, como no caso da precipitação de radiogênicos relativos aos testes nucleares.
Há, portanto, diversas possibilidades de conexão dos estudos acerca dos terrenos tecnogênicos com a proposta do Antropoceno como nova época geológica, bem como essas possibilidades podem ser ampliadas conforme os estudos avancem nessa área, a partir do reconhecimento de novos tipos e níveis de interação da sociedade com os demais componentes e processos das paisagens.
Referências bibliográficas
CRUTZEN, P. J. Geology of mankind: the Anthropocene. Nature 415, 23, 2002.
CRUTZEN, P. J. & STOERMER, E. F. The Anthropocene. Global Change Newsl. 41, p. 17–18, 2000.
PELOGGIA, Alex Ubiratan Goossens. O que produzimos sob nossos pés? Uma revisão comparativa dos conceitos fundamentais referentes a solos e terrenos antropogênicos. Revista Geociências-UNG-Ser, v. 16, n. 1, p. 102-127, 2017.
PELOGGIA, A. U. G.; OLIVEIRA, A. M. S. Tecnógeno: um novo campo de estudos das geociências. I Encontro de Tecnólogos. ABEQUA, 2005
PELOGGIA, A. U. G.; OLIVEIRA, A. M. S.; OLIVEIRA, A. A.; SILVA, E. C. N., NUNES, J. O. R. Technogenic geodiversity: a proposal on the classification of artificial ground. Revista Quaternary and Environmental Geosciences, Curitiba, v.5, n.1, p. 28-40, 2014.
SILVA, E.C.N. Reconstituição Geomorfológica do Relevo Tecnogênico em Presidente Prudente-SP. 2017, 246f. Tese (Doutorado em Geografia) – Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade Estadual Paulista.
WATERS, C. N.; ZALASIEWICZ, J.; SUMMERHAYES, C.; FAIRCHILD, I. J.; ROSE, N. L.; LOADER, N. J.; SHOTYK, W.; CEARRETA, A.; HEAD, M. J.; SYVITSKI, J. P. M.; WILLIAMS, M.; WAGREICH, M.; BARNOSKY, A. D.; ZHISHENG, A.; LEINFELDER, R.; JEANDEL, C.; GAŁUSZKA, A.; IVAR DO SUL, J. A.; GRADSTEIN, F.; STEFFEN, W.; MCNEILLS, J. R.; WING, S.; POIRIER, C.; EDGEWORTH, M. Global Boundary Stratotype Section and Point (GSSP) for the Anthropocene Series: Where and how to look for potential candidates. Earth-Science Reviews, v.178, p. 379–429, 2018.
WATERS, C. N.; ZALASIEWICZ, J. A.; WILLIAMS, M.; ELLIS, M. A.; SNELLING, A. M. A stratigraphical basis for the Anthropocene? In: WATERS, C. N.; ZALASIEWICZ, J. A.; WILLIAMS, M.; ELLIS, M. A.; SNELLING, A. M. A Stratigraphical Basis for the Anthropocene. London: Geological Society; Special Publications, 2014.
Uma data para lembrar a necessidade de se proteger um dos nossos recursos naturais mais importantes.
Em 15 de abril é comemorado o Dia da Conservação do Solo. A data foi escolhida em homenagem ao nascimento de Hugh Hammond Bennett (15 de abril de 1881 – 7 de julho de 1960), considerado o pai da conservação dos solos nos Estados Unidos e o criador do Serviço de Conservação de Solos americano.
Hugh Hammond Bennett liderou o movimento de conservação do solo nos Estados Unidos nas décadas de 1920 e 1930, instigou a nação a enfrentar a “ameaça nacional” da erosão do solo e criou uma nova agência federal, atuando como seu primeiro chefe – o Serviço de Conservação do Solo, agora Departamento de Agricultura do Serviço de Conservação de Recursos Naturais dos EUA. Ele é considerado hoje o pai da conservação do solo. Durante sua experiência em campo, ao comparar áreas virgens e arborizadas com campos erodidos, ele se convenceu de que a erosão do solo era um problema, não apenas para o agricultor, mas também para as economias rurais. (NCRS – USDA: Hugh Hammond Bennett Biography)
A data é celebrada no Brasil, desde 1989, com o objetivo de fomentar e demonstrar a importância de termos diversos cuidados para mantermos saudável esse recurso natural que é de fundamental importância para a produção de alimentos, manutenção das florestas, conservação da água, entre tantas outras interações com o ecossistema.
As atividades humanas têm impactado crescentemente a conservação dos solos. Retirada de florestas e a utilização da terra para agricultura e pastagem são apenas algumas das ações que modificam a sua estrutura e todo o equilíbrio ambiental, e afetam não só animais e florestas como os próprios homens.
O exemplo mais visível disso ultimamente tem sido a questão urgente da água. A escassez do recurso, seja aqui no Brasil e ou em outras partes do mundo, invariavelmente tem uma coisa em comum: o mau uso do solo, provocando seu desgaste e erosão, retirando dele a capacidade de renovação.
Ao ficar exposto aos efeitos climáticos, sem cobertura vegetal e sem o manejo adequado, o solo não cumpre efetivamente com a sua função básica de “produzir” água: garantir a infiltração da água e recarregar o lençol freático, que alimenta as nascentes e os rios, que, por sua vez abastecem reservatórios.
Segundo relatório da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), cerca de 1/3 dos solos do mundo estão degradados por erosão, salinização, compactação, acidificação e contaminação, bem como por influência das mudanças climáticas.
O solos estão sendo degradados em diversos locais no planeta. Atualmente, a Europa apresenta a maior proporção com relação aos demais continentes, isso por conta de sua longa história de uso intensivo dos solos pela agricultura. Todavia, a degradação está avançando rapidamente nos países em desenvolvimento na África e Ásia. Fontes: Dados do United Nations Environment Programme (UNEP), 2002. Global Environmental Outlook 3. London.
Entre as principais consequências, estão o agravamento das enchentes, a perda de fertilidade e, consequentemente, a redução na produtividade agrícola.
De acordo com a FAO – Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura:
Cerca de 33% do solo mundial está degradado.
A degradação do solo afeta pelo menos 3,2 bilhões de pessoas, o que equivale a 40% da população mundial.
A cada 5 segundos, o mundo perde uma quantidade de solo equivalente a um campo de futebol.
A ONU alerta para a redução de até 8% ao ano no PIB de países em desenvolvimento quando ocorre o manejo inadequado do solo.
Cerca de 95% dos alimentos produzidos vêm da terra. A produção de alimentos terá de aumentar em aproximadamente 60% para alimentar a população mundial no ano de 2050, ou seja, aproximadamente 30% maior que a atual.
A Erosão dos solos é o principal tipo de degradação dos solos em escala mundial. – Voçoroca no município de São Roque de Minas – MG (Diego F.T. Machado, 2021)
Quando utilizados de forma sustentável, os solos podem desempenhar um papel importante na diminuição das alterações climáticas, por meio da captura de carbono e outros gases do efeito estufa.
A ONU alerta para a redução de até 8% ao ano no PIB de países em desenvolvimento quando ocorre o manejo inadequado do solo.
O planeta perde 24 bilhões de toneladas de solo fértil por ano, levando à desertificação de grandes áreas, desequilíbrio ambiental e ao prejuízo para a saúde humana.
A FAO publicou recentemente o relatório da campanha de 2021 do Dia Mundial do Solos, e mais uma vez o Brasil se destacou no número de iniciativas.
No dia 05 de dezembro é comemorado o Dia Mundial do Solo, evidenciando a importância de solos saudáveis para uma vida saudável.
O tema proposto para 2021 foi “Halt Soil Salinization, boos soil productivity” (Impedir a salinização dos solos para aprimorar a produtividade).
A salinização reduz muito a produtividade do solo e a prestação de serviços ecossistêmicos. com estas desafios em mente, os participantes se reuniram para trocar seu conhecimento, experiência, interesse e compromisso com a proteção e gestão dos solos do nosso planeta para que sejam preservados para as gerações futuras.
Os eventos ao redor do mundo
Diversos foram as abordagens utilizadas para abordar a importância da preservação e conservação dos solos ao redor do globo.
A campanha alcançou milhões de pessoas na República Popular da China (126 eventos), Índia (67), Reino da Tailândia (62), Brasil (50), México (29), Espanha (27), Paquistão (19) bem como nos Estados Unidos da América e na Itália (13). Outros países com Argentina, Irã, Indonésia, Cuba, Turquia. Equador, Portugal, Peru, Egito, Ucrânia, Malásia, Polônia e Bolívia, também foram representados durante as celebrações.
Concurso de Livros Infantis
Foram 27 fantásticos livros recebidos de 14 países. Os livros estão disponíveis para download apenas na versão em língua inglesa no site da FAO (Acesse). Os três primeiros colocados foram:
O primeiro classificado foi “The Beetles: a Salty Soil Journey” de Teresa Porter, Franco López Campomane e Lewis Fausak da University of British Columbia, Canadá;
Em segundo lugar: “Solo Extraordinário da Terra para Todos os Organismos Vivos. Aprendendo, pensando e agindo!” por Marcela Bianchessi da Cunha Santino, Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Brasil;
O Terceiro classificado: “Por que não se pode plantar nos campos?” por Song Zikang, Universidade de Geociências da China, República Popular da China (RPC).
Brasil ganha destaque nas comemorações do WSD
Mais uma vez o Brasil fica entre os países com maior número de iniciativas voltadas as comemorações do Dia Mundial dos Solos (WSD). Foram 50 atividades registradas no site da F.A.O., além de cinco livros inscritos no concurso de Livro Infantis.
Solo Extraordinário da Terra para Todos os Organismos Vivos. Aprendendo, pensando e agindo! por Marcela Bianchessi da Cunha Santino, Universidade Federal de São Carlos (UFSCar); (baixe aqui).
Get out of here, salinity, leave mu soil alone, de Adriana de Fátima e Rivaldo Vital; (ENG – baixe aqui) (PT-BR – baixe aqui).
Solinho in the Caatinga. Halt soil salinization, Boost soil productivity, de Bruna Arruda, Marcia Vidal Candido Frozza, Nayana Alves Pereira, Clécia Cristina Barbosa Guimarães, Aldeir Ronaldo Silva, Antonio Carlos de Azevedo, Tiago Ramos de Azevedo, Josiane Millani Lopes Mazzetto, Wilfrand Freney Bejarano Herrera, Beatriz Rosa Chiodeli e Cyan Turner; (ENG – baixe aqui).
The History of Rocky, the Soil, DE Bruna Vicente; (ENG – baixe aqui).
The fun soil profiles in: How to reduce soil salinization to increase productivity, de Adriana Ribon; (ENG –baixe aqui).
Dentre os eventos, o LABPED organizou o III Seminário Solos, Ambiente e Sociedade. Foram realizados painéis debatendo a importância da educação e solos, a importância da divulgação científica e das políticas públicas voltadas a inventariação e planejamento para o uso do solo como recurso. Além disso, palestras abordando as propriedades e cuidados com solos salinos foram conduzidas por experientes profissionais e cientistas.
Todo material pode ser acessado no site ou no canal no YouTube.
Glinka World Soil Prize
O prêmio anual concedido desde 2016 a pesquisadores por suas contribuições diretas para a preservação do meio ambiente, segurança alimentar e redução da pobreza.
A Dra. Lydie-Stella Koutika foi a vencedora da edição de 2021. Ela é uma conhecida cientista do solo da República do Congo com mais de 30 anos de experiência em pesquisa aplicada em agroecossistemas.
Lydie-Stella Koutika Fonte: Reprodução FAO World Soil Day – 5 December 2021. Campaign Report
Sua pesquisa se concentra na saúde do solo e nos processos de degradação para combater a insegurança alimentar e promover a mitigação e adaptação às mudanças climáticas.
O prémio reconhece a sua contribuição para melhorar e expandir o conhecimento dos solos africanos e o impacto considerável que teve na comunidade científica e nos meios de subsistência dos agricultores.
Prêmio King Bhumibol
Lançado em 2018, o Prêmio do Dia Mundial do Solo King Bhumibol reconhece indivíduos ou instituições que aumentam a conscientização pública sobre os solos, organizando celebrações bem-sucedidas e influentes do Dia Mundial do Solo.
O Instituto de Ciência do Solo da Nigéria (NISS) ganhou a edição de 2021 por seu compromisso em aumentar a conscientização sobre a importância de solos saudáveis.
Nigeria Institute of Soil Science (NISS) Fonte: Reprodução FAO World Soil Day – 5 December 2021. Campaign Report
O NISS é a organização responsável pela coordenação, orientação e gestão daqueles que trabalham em ciência do solo, pesquisa e educação na Nigéria.
O NISS organizou uma série de eventos envolvendo diferentes atores em todos os setores; projetos educacionais em escolas primárias e secundárias, comícios, caminhadas, conferências de especialistas, simpósios, oficinas, apresentações artísticas, ensaios em fazendas e exibições.
As celebrações foram amplamente divulgadas online e foram divulgadas por seis jornais nacionais, atingindo cerca de meio milhão de pessoas na Nigéria.
É hora de afiar os sentidos e colocar as mãos na massa (ou no solo)
A descrição de solos é o primeiro passo para uma diversidade de estudos pedológicos. Compreender como se dá a organização de suas fases e suas expressões morfológicas é fundamental para sua classificação. Além disso, esse procedimento investigativo pode fornecer diversas informações sobre sua formação e seu comportamento em relação ao uso agrícola.
Tradicionalmente a descrição morfológica do solo é baseada naquelas propriedades detectadas pelos sentidos, sobretudo visão e tato, e em alguns casos, audição.
O professor Peter Schad, (Technische Universität München) presidente do grupo de trabalho IUSS WRB (Base de Referência Mundial para Recursos de Solos) produziu um vídeo didático demonstrando os procedimentos para a caracterização morfológica de solos.
Os vídeos podem ser assistidos no YouTube, nas versões em inglês e espanhol. Foram utilizadas as Diretrizes da FAO (2006) para descrição do solo e o WRB (2015) para classificação do solo.
Em sua apresentação, Peter Schad apresenta uma interessante abordagem para a classificação expedia da textura do solo. O fluxograma com as orientações está disponível nas versões em Inglês e Espanhol (Acesse).
Ecotron moverá núcleos de 3 metros de solo para o laboratório para experimentos de mudanças climáticas globais
No dia 12 de outubro, a revista Science publicou uma interessante reportagem sobre solos . Trata-se de um projeto em início de desenvolvimento na Universidade de Idaho, denominadoDeep Soil Ecotron. A ideia central é trazer, para o laboratório, colunas completas de solo de até 3 metros e aí, sob condições controladas, acompanhar seu desenvolvimento, tanto em suas características bióticas quanto abióticas.
Um Ecotron é um tipo de experimento criado para estudar o impacto do clima nos ecossistemas e nos processos de biodiversidade. Geralmente é composto por várias unidades experimentais idênticas, que permitem a contenção do ecossistema, o controle das condições ambientais e a medição online dos processos ecofisiológicos.
Imagem: Laboratório com esferas ecossistêmicas para pesquisa climática no Parque Nacional Hoge Kempen. Reprodução Universidade de Hasselt
Os motivos para realizar este acompanhamento são diversos. Parcela significativa dos estudos sobre solos se concentra especialmente em seus primeiros 30 centímetros, pois aí está o principal nível com interesse para o desenvolvimento das diferentes atividades agrícolas. Abaixo disso, o solo é, comparativamente, muito menos conhecido.
O solo, além da sua porção superficial, é crítico para alterações climáticas, para a qualidade da água, manutenção dos ecossistemas e até para a produção mineral. Mas o perfil de solo, como um todo, é incrivelmente difícil de estudar. Escavar uma trincheira sem perturbar sua estrutura e habitantes é praticamente impossível. Quanto mais fundo se vai, mais difícil é.
Para tentar solucionar estes problemas. A U.S. National Science Foundation irá financiar o Ecotron com um valor total de US$ 19 milhões. O novo laboratório permitirá aos pesquisadores manipular uma série de fatores em colunas hermeticamente fechadas e controladas, incluindo temperatura, umidade e concentrações de dióxido de carbono (que influenciam o desgaste das rochas e a formação do solo). Eles serão capazes de simular a ressurgência das águas subterrâneas e talvez até mesmo os ciclos de congelamento e descongelamento que podem acelerar o desenvolvimento do solo. Também poderão acompanhar os organismos vivos presentes na coluna.
Renderização artística da instalação de Deep Soil Ecotron financiada pela NSF. Até 24 ecounits serão alojados na Universidade de Idaho, equipados com analisadores de última geração para quantificar o fluxo de gases do efeito estufa, a química da água do solo, o crescimento das raízes e a micro e mesofauna do solo. Imagem: Reprodução deepsoilecotron.org
Para Emma Aronson da Universidade da Califórnia, Riverside, um dos pontos chaves é a possibilidade de estudar como o carbono no solo pode responder às mudanças climáticas futuras, simulando condições de mudança com um grau de controle que nunca visto antes. Os proponentes do projeto acreditam que os solos profundos aqueçam com o aquecimento da Terra, e experimentos de campo sugerem que isso pode fazer com que o solo libere carbono na atmosfera 30% a 50% mais rápido do que hoje, afetando diretamente o ciclo de carbono.
O laboratório estará pronto em 5 anos e terá capacidade para 24 colunas de solo, incluindo a vegetação de cobertura. Uma empresa já está testando alternativas para a coleta em campo das colunas de até 3 metros, desafio significativo pois esta terá que ser a menos perturbada possível. Mesmo assim haverá perturbações, pois, raízes serão cortadas e porções inferiores do solo serão expostas na superfície. E claro, uma coluna em um laboratório não “funcionará” exatamente como um solo posicionado na paisagem. De qualquer forma os avanços científicos para o conhecimento do funcionamento do solo serão significativos.
Sobre o autor
Francisco Sergio Bernardes Ladeira
Graduou-se bacharel em Geografia pela Universidade Estadual Paulista – Júlio de Mesquita Filho (1989), mestre em Geografia (Geografia Física) pela Universidade de São Paulo (1995) e doutor em Geografia (Geografia Física) pela Universidade de São Paulo (2001). Atualmente é MS-3.2 da Universidade Estadual de Campinas. Tem experiência na área de Geociências, com ênfase em Paleopedologia, Superfícies Geomorfológicas e Relação Solo-Relevo.
Resultado da ação intensa do intemperismo, as lateritas são importantes indicadores de condições ambientais, com valor cultural agregado e um conceito mutante ao longo da história.
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O termo laterita foi proposto por Buchanan em 1807, para identificar materiais, que na Índia, eram extraídos dos finais de vertentes, da parte inferior dos perfis de solos, que quando expostos ao sol tornavam-se extremamente duros e eram utilizados como material de construção (tijolos, vigas estruturais, base de rodovias e de estradas de ferro).
O uso do termo laterita foi se alterando ao longo do tempo, e chega mesmo a ser indicado que não seja usado, dado a diversidade de possibilidades de interpretações. Não é nosso objetivo aqui discutir esse e outros termos que surgiram ao longo do tempo, apesar de indicarmos abaixo diversos artigos que tiveram esse objetivo.
Usamos aqui também o termo ferricrete, em sua definição inicial, ou seja, qualquer material enriquecido em ferro em relação ao seu material de origem. Esse termo também já teve nova definição, para indicar concentrações ferruginosas decorrentes de acumulações absolutas de ferro. Isso exemplifica a complexidade do uso dos termos associados a estes materiais.
Possível aparência do Dr. Francis Buchanan, mais tarde Hamilton ou Hamilton-Buchanan. Cirurgião, agrimensor e botânico da Companhia das índias, publicou trabalhos sobre a geografia, a flora e a fauna da Índia, onde viveu e explorou desde o final do século 18 até 1815.Saiba mais!Foto: Reprodução Memim Encyclopedi
Resultado da ação intensa do intemperísmo!
De maneira geral Schellmann (1981) indica que estes materiais correspondem a “produtos de intensa alteração subaérea da rocha, cujo teor de ferro e/ou alumínio é maior e o de sílica é menor que a rocha parental. Estes consistem predominantemente de assembleias minerais de goethita, hematita, hidróxidos de alumínio, caulinita e quartzo”.
Estas características, apontadas por Schellmann, indicam que a ocorrência de lateritas estão associadas a climas quentes e úmidos, que ocorrem nas zonas intertropicais da Terra.
A intensidade dos processos de intemperismo químico nas zonas intertropicais é indicado por Stallard e Edmond (1983), Meybeck (1987) e Buss et al. (2017) que destacam que os trópicos recobrem cerca de 25% das terras emersas do planeta, entretanto, são responsáveis por cerca de 65% do fluxo de sílica dissolvida para os oceanos via processos de intemperismo químico.
Importantes indicadores da evolução da paisagem
Estes materiais só evoluem nestas condições, entretanto, atualmente ocorrem em diferentes regiões da Terra, como deserto do Saara ou porções da Sibéria. Desta forma, as lateritas são ótimos indicadores da deriva das placas tectônicas, pois estas lateritas se formaram em áreas tropicais e posteriormente a deriva das placas tectônicas teria posicionado estes materiais nestas regiões.
Essa possibilidade decorre do fato das lateritas serem, quando desidratadas, extremamente resistentes aos processos erosivos. Nas áreas tropicais, como no Brasil, vastas regiões possuem, nas áreas mais elevadas, espessos perfis de alteração com lateritas em seu topo.
No Brasil, diversas áreas elevadas topograficamente e com relevo plano a suave ondulado, apresentam como característica a ocorrência de lateritas nas bordas destas chapadas, que as ‘protegem’ dos processos erosivos, como no caso do Chapadão do Zagaia (MG).Foto: Acervo próprio
Apesar de serem encontradas nos topos de vertentes e escarpas, a laterita se forma nas áreas onde o lençol freático oscila durante muito tempo, ou seja, normalmente nas posições mais baixas do relevo.
As características de formação permitem utilizar as lateritas como importante indicador de condições paleotopográficas, paleoclimáticas, paleogeográficas e mais detalhadamente condições pedogenéticas.
A importância do fator tempo!
Quando as condições de formação se desenvolvem por longos períodos, em áreas tropicais úmidas, os perfis de alteração que recobrem as rochas frescas podem ser extremamente espessos, por vezes ultrapassando centenas de metros (Tricart, 1972; Scott e Pain, 2009) e são denominados de Perfis de Alteração Lateríticos ou apenas Perfis Lateríticos (BUT et al. 2009). Estes perfis de alteração normalmente estão associados a paleo-superfícies (BATTIAU- QUENEY, 1994).
Representação esquemática de um perfil laterítico coberto por um ferricrete (adaptado de Tardy, 1993)
Em cima – base do perfil laterítico afetando os depósitos da Formação Marília; Em baixo – nível de mosqueamento posicionado acima dos sedimentos da Formação Marília. Fotos: Acervo próprio.
LATERITAS: Múltiplos usos…
As lateritas e perfis lateríticos e ferricretes foram utilizados como marcadores para correlações estratigráficas, para interpretações ambientais e paleoambientais, para análise da evolução geomorfológica, datações relativas de superfícies, indicadores de deriva continental, como marco para análises tectônicas, na produção de ouro, de ferro, de terras raras, do caulim, do níquel e como material de construção.
Pedreira de tijolos de Karaba (2009) - Autor: David Pace
Esta é a pedreira de Karaba (Burkina Faso), onde os homens esculpem tijolos usando apenas picaretas de ferro de cabo curto. No quente sol equatorial, eles escavam o material que se tornará os blocos básicos de construção das casas e das paredes que estruturam as comunidades vizinhas.
LATERITAS: Múltiplas definições…
Diante do exposto, a laterita possui interesse para diferentes áreas de pesquisa de também econômicas, implicando que profissionais de diferentes áreas trabalharam com estes materiais. O resultado disso é que há uma grande diversidade de termos para nomear esta laterita, inclusive alguns termos possuem definições distintas em diferentes áreas do conhecimento e o mesmo termo foi alterando seu significado ao longo do tempo.
A título de exemplo há diversos trabalhos que discutem a questão relativa às diferenças terminológicas (THORP e BALDWIN, 1940; PENDLETON, 1941; PRESCOTT, 1954; SIVARAJASINGHAM et al., 1962; GERASIMOV e GLAZOVSKAYA, 1965; HAMMING, 1970; STEPHENS, 1971; PATON e WILLIAMS, 1972; HELGREN e BUTZER, 1977; SCHELLMANN, 1981, 1983; ALEVA, 1982, 1994; MILNES et al., 1985; OLLIER, 1988; TARDY E ROQUIN, 1992; TARDY, 1993; BOURMAN, 1993a, b; FIRMAN, 1994; YALLON, 1996; BOURMAN e OLLIER, 2002; AUGUSTIN, 2013; GHOSH e GUCHHAIT, 2020).
Na figura abaixo, é possível observar algumas das diferentes terminologias utilizadas. Assim a laterita de Buchanan passa a ter diferentes denominações, como ferricretes, duricrusts, couraças, cangas, entre outros. Por vezes estes termos aparecem na literatura como sinônimos, outras não, gerando grande confusão.
Comparação entre terminologias de um perfil laterítico com ferricrete Modificada de Anand & Paine (2002).
Ressalta-se que os pesquisadores que trabalham especificamente com pedologia também abordam esta temática, sendo que os solos desenvolvidos, associados aos materiais lateríticos, possuem importância agrícola, como no Brasil e, em solos quaternários, que podem também possuir um significado relevante na dinâmica geomorfológica mais recente. Em pedologia os termos plintita, petroplintita e a existência de um Horizonte F são aplicados no Sistema Brasileiro de Classificação de Solos.
Classificação dos ferricretes
No que se refere a classificação destes materiais, Bourman et al. (1987), Milnes et al. (1987) e Bourman (1993) propõem três tipos básicos de ferricrete (posteriormente o termo ferricrete foi definido com uma conotação genética, mas esta não existia para estes autores) com algumas subdivisões:
Rocha ferruginizada: rochas que apresentam impregnações ferruginosas, mas mantém suas estruturas perfeitamente identificáveis em campo. A forma mais comum é constituídas de mosqueados ferruginosos.
Sedimentos ferruginosos: ferricretes caracterizados por ampla variação de tipos de fábrica, que refletem a natureza do sedimento original. Por exemplo, no caso de sedimentos clásticos, o ferricrete apresenta abundantes grãos de areia ou clastos de quartzo e fragmentos de rocha. Quando cimentam clastos têm-se o ferricrete conglomerático. Se não existir qualquer estrutura interna será um ferricrete maciço.
Ferricretes complexos: possuem ampla diversidade de fábricas, identificando-se os seguintes tipos:
a) pisolítica: possuem grande quantidade de glébulas ferruginosas, dispersos no interior de uma matriz rica em óxidos de ferro;
b) “slaby” (laminar): formados dominantemente por placas ou lentes horizontais separadas por zonas ricas em argila;
c) vermiformes: formados por uma distribuição irregular de canais enriquecidos em ferro.
Coleção: Tipos de Ferricretes
O que influência na formação dos ferricretes?
No caso especifico dos ferricretes associados a perfis lateríticos, Thomas (1994) propõe oito fatores de formação determinantes.
1) fatores geológicos: qualquer tipo litológico pode originar os perfis lateríticos ferricretes. A composição mineralógica das rochas parentais pode influenciar fortemente na composição e nas características do perfil laterítico e ferricrete, mas os processos de intemperismo podem modificar significativamente estas características mineralógicas.
Alguns autores como Tardy et al. (1988) eTardy (1993) indicam uma influência gradativamente menor das características da rocha conforme maior o grau de evolução do perfil laterítico. Tardy et al. (1988) indicam uma tendência à homogeneização do perfil, em termos químicos e mineralógicos, independente do material de origem. A velocidade de formação dos perfis lateríticos pode variar conforme o tipo de rocha parental. Para o referido autor, as alterações sobre rochas máficas e ultramáficas podem chegar a uma velocidade três vezes maior do que sobre as de tipo félsicas.
2) fatores climáticos: fundamental para controlar a formação destes perfis. Tardy (1993) indica as seguintes características climáticas para sua formação: uma pluviosidade média anual de 1.450 mm; temperatura média anual de 28 oC; umidade relativa do ar média de 70% e uma estação seca com duração de 6 meses.
O tipo climático ideal de formação do ferricrete é aquele que corresponde às regiões de savana. Em direção à climas mais secos, ela não se forma com a disponibilidade de sílica no sistema, predominando solos com montmorillonita (LEPRUN, 1979) e também em climas muito úmidos sem estação seca, onde predominam a goethita e gibsita (BEAUVAIS e TARDY, 1993), entretanto, nestas condições ambientais mais úmidas é possível a destruição do ferricrete em certos pontos da paisagem e formação simultânea em outros.
3) Fatores bióticos: a ação da vegetação dependerá essencialmente do tipo de cobertura vegetal localizada sobre o ferricrete, através de sua ação na formação de ácidos e a ação mecânica de suas raízes. Esta ação pode definir morfologias de ferricretes. Segundo Tardy (1993), as termitas também podem possuir papel fundamental no processo de alteração do perfil laterítico e do ferricrete.
4) Fatores hidrológicos: os fatores hidrológicos são determinados pelo regime climático e pela interação com a litologia e o relevo. Esta combinação cria uma diversidade de ambientes locais com condições contrastantes para a mobilização ou precipitação do ferro e, especialmente, é fundamental a oscilação do lençol freático ao longo do ano.
5) Condições de Eh (potencial redox) e pH (potencial hidrogeniônico): o Eh torna o ferro mais móvel conforme seus valores aumentam e o pH diminui. Costa (1984) acrescenta que o pH nestes ambientes depende da atividade biológica superficial, das alterações mineralógicas desencadeadas e, como consequência, da composição química das águas percolantes.
Pequenas variações de pH e Eh na paisagem são responsáveis pela mobilidade ou precipitação do ferro, sendo essenciais para explicar, mesmo à curta distância, áreas com elevadas perdas e outras com elevadas concentrações de ferro. A figura abaixo apresenta as condições de Eh e pH para a formação das concentrações ferruginosas.
Limites dos domínios de Fe2+, Fe3+, Mn2+ e Mn4+. Fonte: Campy e Macaire (1989).
6) História geomorfológica e tectônica: a formação, evolução e destruição de ferricretes estão intimamente associadas à história da paisagem geomorfológica. As superfícies de aplainamento produziram ambientes extremamente favoráveis para seu desenvolvimento.
Deve-se destacar também que na literatura torna-se cada vez mais comum a associação da evolução de paisagens lateríticas com os processos de etchplanação (ZEESE, 1996). Também é comum indicar o ferricrete como responsável pela inversão do relevo, resultado de sua resistência aos processos intempéricos, conforme na figura ao lado.
7) fator tempo: o tempo necessário para o desenvolvimento de um espesso perfil de alteração passa, necessariamente dos 100.000 anos de duração (TARGULIAN E BRONNIKOVA, 2019). Nahon e Lappartient (1977) calcularam que um ferricrete de 0,5 a 1,0 metro de espessura requer 0,3 a 0,75 Ma. para sua individualização.
Sequência evolutiva apresentando inversão topográfica associada com a formação de duricrosta. Fonte: Summerfield (1991) e Pain et al. (2007)
Estes autores indicam que para a evolução de um perfil laterítico, sobre rochas vulcânicas, com a evolução de um manto de alteração caulinítico, individualização de um horizonte de acumulação de ferro e a evolução fisico-química da crosta ferruginosa, são necessários 6 Ma.
Na Amazônia brasileira, Oliveira e Schwab (1980) estimam um tempo mínimo de 2,8 Ma. para evolução de um perfil laterítico bem estruturado. Na literatura é possível fazer uma distinção entre os ferricretes associados a perfis lateríticos e outros que não apresentam a organização clássica nos diferentes níveis.
Figueiredo Filho et al. (2019) identificam, na região do Quadrilátero Ferrífero, espessos ferricretes associados a terraços fluviais de idade compreendida entre 140 e 83 ka. Destaca-se que nesta área há uma grande disponibilidade de ferro no sistema, por conta da presença comum de itabiritos. Desta forma, o ferricrete, per si, não é indicativo de uma evolução extremamente longa, mas ele associado a um espesso perfil laterítico sim.
8) Mudanças paleoambientais: ferricretes e perfis lateríticos ocorrem em diferentes latitudes e por conta disso podem ser utilizados como indicadores de paleolatitudes e de paleoambientes (ANNOVI et al. 1980; BARDOSSY, 1981; TARDY e ROQUIN, 1998; SCHMIDT et al., 1983; ZEESE, 1996; KUMAR, 1986; TARDY, 1993).
A literatura não apresenta uma origem única para o ferro que irá formar o ferricrete. Nitidamente, há um grupo de autores que indica um intemperismo essencialmente vertical e outro que indica a importância dos aportes laterais. Thomas (1994), após ampla revisão de literatura, identifica três possibilidades:
1) translocação vertical, através da qual o Fe2+ movimenta-se por algumas dezenas de metros, no sentido descendente, por movimento gravitacional da água subterrânea, ou ascendente por difusão iônica;
2) por transferência lateral de Fe2+ através da convergência de fluxo de água subterrânea para sítios de recepção, como vales e depressões;
3) retenção e acumulação nos horizontes superficiais (em forma de pisólitos ou nódulos) quando o perfil é rebaixado por intemperismo.
Beaudet e Coque (1994) indicam que na mesma paisagem pode-se observar diferentes gêneses de ferricrete, como a formação associada a formas residuais, também em glacis, onde há aporte lateral de ferro em solução, e eventualmente de forma mecânica na forma de clastos (figura abaixo).
É possível que um ferricrete esteja sendo alterado no topo e haja precipitação de ferro em sua base, conforme não só já observaram Tardy (1993), Moreau (1993) e Espíndola e Daniel (2008), mas também observaram os novos estudos de cronologia, que indicam a grande mobilidade de ferro no interior do ferricrete, observando-se várias gerações de solubilização e precipitação (SPIER et al., 2006).
Socle cristallin: embasamento cristalino; Altérite argileuse: alterita argilosa; Sable Limon Argile: Areia, silte, argila; (B): Ferricrete; (Gl): glacisde erosão com ferricrete (PI): plano silto-argiloso
Tenho fotografado no pequeno Burkina Faso, país da África Ocidental desde 2007. Nas minhas viagens anuais, moro na aldeia de Bereba, onde tenho documentado muitos aspectos da vida diária, incluindo a dança semanal (sexta à noite), o deslocamento noturno ( Sur La Route), moda local (Market Day), arquitetura tradicional (L’Ancien Village) e ocupações comuns (At Work). Outros projetos incluem a exploração da fabricação de tijolos (Karaba Brick Quarry), a mineração artesanal de ouro (Les Sites d’Or) e os quiosques de Ouagadougou, capital do Burkina Faso (Quiosques).
Sobre o autor
Francisco Sergio Bernardes Ladeira
Graduou-se bacharel em Geografia pela Universidade Estadual Paulista – Júlio de Mesquita Filho (1989), mestre em Geografia (Geografia Física) pela Universidade de São Paulo (1995) e doutor em Geografia (Geografia Física) pela Universidade de São Paulo (2001). Atualmente é MS-3.2 da Universidade Estadual de Campinas. Tem experiência na área de Geociências, com ênfase em Paleopedologia, Superfícies Geomorfológicas e Relação Solo-Relevo.
As cartas são fundamentais para o planejamento adequado de uso e ocupação das terras, afim de reduzir perdas materiais e de vidas humanas.
As Cartas de Suscetibilidade a Movimentos Gravitacionais de Massa e Inundações são documentos cartográficos que representam a possibilidade de ocorrência de movimentos gravitacionais de massa (deslizamentos e corridas de detritos) e processos hidrológicos (inundações e enxurradas).
O levantamento consiste numa modelagem matemática feita em escritório, a qual posteriormente é validada em trabalho de campo por uma equipe de pesquisadores do Serviço Geológico do Brasil-CPRM, que percorre toda a extensão do município.
A elaboração das Cartas de Suscetibilidade a Movimentos Gravitacionais de Massa e Inundações está prevista noPlano Nacional de Gestão de Riscos e Resposta a Desastres Naturais. Com início em agosto de 2012, os municípios do território brasileiro iniciaram a cartografia dos temas-fim do projeto.
As áreas são classificadas em alta, média e baixa suscetibilidade a movimentos de massa e inundações.
Adicionalmente, são apresentadas as feições geológicas (cicatrizes de deslizamentos, feições erosivas, paredões rochosos e blocos de rocha), além de mapas de padrões de relevo, também desenvolvidos pela equipe envolvida e mapas de solo e geológico-estrutural, na maior escala disponível.