Artigo discute a influências de mudanças climáticas e hidrológicas na transformação das paisagens nos últimos 115 ka

por Pedro Cheliz –

O trabalho assinado por Pedro M. Cheliz e colaboradores aponta alternâncias entre climas úmidos e secos desde o Eemiano e questiona algumas relações estabelecidas entre altitudes de terraços, idades de depósitos e tipos de solos.


Acaba de ser disponibilizado na revista Quaternary International um novo artigo que discute as relações entre relevo, solos e depósitos em planícies fluviais, a partir de um estudo de caso na planície do rio Jacaré-Guaçu. O artigo aborda evidências de transformações ambientais e climáticas dos últimos 110 mil anos registradas nesta planície aluvial. Igualmente, ele caracteriza como mudanças na paisagem ao longo do tempo contribuíram para criar no local uma dissociação entre formas de relevo e materiais associados.



Ali, os terraços fluviais mais elevados vinculam-se a depósitos mais recentes (12-8 mil anos atrás) e paleosolos formados em condições de má drenagem (onde a água penetra e circula com dificuldade pelo perfil de solo).

Os terraços mais baixos e próximos a várzea, por sua vez, encontram-se associados a depósitos mais antigos (115-110 mil anos atrás) e  a paleosolos formados em condições de boa drenagem (onde a água penetra e circula com facilidade pelo perfil de solo), ainda que atualmente predominem neste local condições de má drenagem.

A área de estudo está localizada no Estado de São Paulo (Brasil), próximo à divisa entre os municípios de Boa Esperança do Sul e Araraquara

Estes padrões de conexões entre formas de relevo e materiais associados são diferentes dos usualmente registrados em planícies aluviais do sudeste do Brasil, onde os terraços fluviais são geralmente interpretados como vinculados a depósitos tão mais antigos e solos tão melhor drenados quanto mais elevados em relação ao nível do rio atual. De maneira que fortalece-se incertezas em relação a extrapolações frequentemente feitas entre altitudes de terraços, idades de depósitos e tipos de solos. Reforçando, assim, a necessidade de estudos geomorfológicos, pedológicos e cronológicos de detalhe em áreas pequenas em adição a pesquisas voltadas a caracterizar tendências dominantes de sistemas fluviais ao longo de áreas mais vastas.

Leia o artigo na íntegra: DOI: 10.1016/j.quaint.2021.06.016


Sobre o autor correspondente

Pedro M. Cheliz é graduado em Geografia e Geologia, e mestre em Geografia pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), com cursos de formação complementar na área de arqueologia. Tem experiência profissional em consultoria e licenciamento ambiental, bem como como educador no ensino básico nas áreas de geografia, história e ciências, e no ensino superior nas áreas de geologia e geografia. Desenvolve atividades de pesquisa na área de Geociências e Geografia, atuando principalmente nos seguintes temas: geomorfologia, pedologia, planejamento ambiental e geoarqueologia. Vincula-se aos grupos de pesquisa do LabPed (Laboratório de Pedologia), NEAL (Nucleo de Estudos Ambientais e Litorâneos), IPEC (Instituto de Pesquisas Cananéia) e GEA (Grupo de Estudos de Arqueologia). Atualmente é bolsista de doutorado do CNPQ.

ResearchGateLattes – email: pedro.michelutti@gmail.com


Texto: Pedro M. Cheliz

Edição: Diego F. T. Machado


Publicações Acadêmicas do LABPED

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