Reunião anual do IGCP 732

Reunião anual do IGCP 732 – LANGUAGE of the Anthropocene (Lessons in anthropogenic impact: a knowledge network of geological signals to unite and assess global evidence of the Anthropocene): um espaço para trocas e aprendizado.

por: Érika C.N. Silva


A temática do Antropoceno tem sido debatida em diversos meios e por diferentes óticas, como já discutido em postagens anteriores nesse blog. Como pesquisadora interessada na temática, e que tem desenvolvido pesquisas referentes a deposições tecnogênicas/antropogênicas nos últimos anos, tive a oportunidade de participar, pelo terceiro ano consecutivo, da reunião científica do IGCP 732 – LANGUAGE of the Anthropocene. Participo das reuniões como colaboradora a convite do Professor Doutor Michael Wagreich, da Universidade de Viena. E neste ano, pela primeira vez, participei de forma presencial da reunião, apresentando trabalho na cidade de Xi’an, na China. Mas o que é um IGCP?

IGCP (International Geoscience Programme), conforme o site da UNESCO [1], é o carro-chefe da entidade referente ao apoio para investigações em geologia e geofísica. Em tradução livre, o IGCP serve como um centro de conhecimento da UNESCO para facilitar a cooperação científica internacional nas geociências, e a missão do IGCP inclui a promoção do uso sustentável dos recursos naturais, avançando em novas iniciativas como a geodiversidade e “geo-heritage”, além da mitigação dos “geohazards risks”. Ainda de acordo com o site, desde 1972 o IGCP estabeleceu uma parceria com a IUGS (União Internacional de Ciências Geológicas) com o intuito de reunir milhares de cientistas da Terra de todo o mundo, permitindo-lhes o benefício do espírito cooperativo gerado sob a égide da UNESCO. Ao todo são cinco temas do Programa, e o IGCP 732 está incluído no tema “Global Change and Evolution of Life – evidence from the geological record” [2].

Um pouco sobre o IGCP 732

O IGCP 732 (LANGUAGE of the Anthropocene) refere-se, como o próprio nome já possibilita interpretar, às discussões em torno da temática do Antropoceno, com a participação de pesquisadores que se dedicam a diferentes aspectos que são abrangidos nos estudos do Antropoceno. O objetivo, conforme consta na página da UNESCO referente a esse IGCP, é o desenvolvimento de ideias e redes acerca do conceito do Antropoceno, através de um ambiente de cooperação global entre cientistas, focando especialmente nos países considerados em desenvolvimento ou menos desenvolvidos. Complementam, ainda, mencionando a união e avaliação de evidências globais do Antropoceno e o estabelecimento desse conceito enquanto estrutura fértil para as geociências, através da elaboração de uma rede global de especialistas e parceiros de projeto, realização de workshops em países considerados em desenvolvimento, e estabelecimento de um banco de dados aberto de informações e conhecimentos acerca do Antropoceno [3].  Este IGCP entrou em vigor em 2021, e estará em plena atividade até 2026, sob a liderança do Prof. Dr. Michael Wagreich, da Universidade de Viena. Tem como Principal Investigators (PIs) as pesquisadoras Doutoras Mehwish Bibi (Paquistão), Barbara Fiałkiewicz-Kozieł (Polônia), Juliana A. Ivar Do Sul (Brasil/Alemanha), Lydia Olaka (Quênia), Catherine Russell (Inglaterra), Maria Luisa Tejada (Filipinas), Luyuan Zhang (China) e Veronika Koukal (pesquisadora e secretária desse IGCP). Além dos PIs, o IGCP conta com a participação de diversos colaboradores, dentre os quais me incluo e, por isso, tenho participado das reuniões anuais com a finalidade de divulgação, a nível internacional, do trabalho que temos desenvolvido no Brasil nos últimos anos (parcerias entre profissionais da UNICAMP, UFR, UNESP e pesquisadores independentes), além das possibilidades de aprendizado de novas abordagens e estabelecimento de redes de cooperação.

Reunião em Xi’an

As principais reuniões relativas ao IGCP ocorrem anualmente, onde todos os participantes têm a oportunidade de apresentar seus trabalhos desenvolvidos na temática, com suas diferentes abordagens e áreas de investigação, como por exemplo análise de dados geoquímicos referentes a diversos tipos de ambientes sedimentares [4]. Esta reunião teve formato híbrido, com participantes em Xi’an e online. Somados à apresentação de trabalhos, sempre há palestrantes convidados, como por exemplo algum pesquisador diretamente envolvido no Anthropocene Working Group (este ano a fala foi proferida por Simon Turner, ocupante do cargo de secretário no AWG), que nos informa sobre o andamento de trabalhos relativos à proposta do Antropoceno enquanto época geológica [5].

Neste ano, no contexto do estágio que estou realizando aqui em Viena [6], tive a possibilidade de participar de forma presencial da reunião realizada em Xi’an, apresentando alguns resultados preliminares que temos alcançado na investigação de deposições antropogênicas/tecnogênicas. Nesta ocasião, focamos nos resultados de análises químicas e físicas e comparamos os resultados entre as deposições e solos na área investigada em Rondonópolis-MT. Foram destacadas, por exemplo, as evidências, em algumas camadas de deposições antropogênicas/tecnogênicas, relativas aos dados de campo e laboratório que sugerem pedogênese, ou seja, formação, mesmo que incipiente, de solo.

O trabalho apresentado, com o título “Comparisons of lab results of anthropogenic formation and “natural” soil: granulometry, sand fractioning and pedological chemical analyses” possui autoria minha, do Prof. Dr. Caio Augusto Marques dos Santos (UFR) e do Prof. Dr. Francisco Sérgio Bernardes Ladeira (UNICAMP). Além da apresentação, assistir presencialmente as apresentações de demais pesquisadores e ter a oportunidade de conversar nos demais momentos de interação, possibilitou que novas ideias surgissem para a continuação das pesquisas que temos desenvolvido no Brasil, além de divulgar possibilidades procedimentais e analíticas que os demais pesquisadores possam vir a utilizar em suas áreas de estudo. A pesquisa é supervisionada pelo Prof. Dr. Francisco Sérgio Bernardes Ladeira, com co-supervisão do Prof. Dr. João Osvaldo Rodrigues Nunes (UNESP), com parceria do Prof. Dr. Caio Augusto Marques dos Santos. Já o estágio em Viena é supervisionado no exterior pelo Prof. Dr. Michael Wagreich (Universidade de Viena).

Os anfitriões na reunião desse ano foram: Institute of Earth Environment da Chinese Academy of Sciences, State Key Laboratory of Loess Science. E os co-anfitriões: IEECAS Group of Youth Innovation Promotion Association CAS, Anthropocene Research Branch da Geological Survey of China, Xi’an Institute for Innovative Earth Environment Research, Shaanxi Association for Science and Technology. A reunião ocorreu na semana do dia 14 de novembro de 2023, no Qujiang Huibinyuan Hotel.

Foto da apresentação em Xi’an (foto enviada por Luyuan Zhang)
Foto oficial da reunião – Fonte: https://news.sciencenet.cn/htmlnews/2023/11/512399.shtm

Os participantes que puderam estar de forma presencial em Xi’an fizeram, no primeiro dia, um passeio cultural que permitiu conhecer um pouco sobre os aspectos históricos dessa importante cidade na China. Esse passeio cultural incluiu conhecer a muralha da cidade e o Exército de Terracota, este último parte integrante do Mausoléu de Qin Shi Huang, fundador do primeiro império unificado da China durante o século III a.C, localizado no sopé norte da montanha Lishan, tendo sido descoberto em 1974 [7]. Conforme nos foi informado durante a visita, os trabalhos de escavações e reconstruções/restaurações continuam até os dias atuais, exigindo esforços de vários profissionais. As imagens a seguir apresentam um pouco do que esse passeio permitiu conhecer.

Outra visita interessante foi no Institute of Earth Environment da Chinese Academy of Sciences, que foram os anfitriões dessa reunião. Nesta ocasião pudemos visitar diferentes laboratórios e conhecer um pouco das diferentes pesquisas que têm sido desenvolvidas, com diferentes abordagens e metodologias, que podem ser relacionadas direta e indiretamente à perspectiva do Antropoceno em termos de mudanças ocasionadas nos diferentes ambientes. As fotos a seguir foram enviadas pela PI responsável por essa reunião na China (Luyuan Zhang), e apresentam registros da nossa visita em alguns dos diferentes laboratórios que conhecemos na instituição.

Último destaque é dado para o trabalho de campo realizado no Geoparque Nacional de Loess em Luochuan. A organização do evento preparou essa investigação de campo com o intuito de nos proporcionar conhecimento sobre esse tipo de formação superficial, denominada de Loess, que tem chamado a atenção dos cientistas no que diz respeito a investigações relativas à geoconservação, estudo de mudanças climáticas, entre outros focos. Em tradução livre do material de apoio preparado pelos anfitriões, a seguinte explicação sobre a área que visitamos é oferecida:

O Geoparque Nacional de Loess em Luochuan é um projeto de conservação ambiental na China que responde ao Programa Global de Geoparques da UNESCO com o objetivo de promoção do desenvolvimento sustentável para a sociedade. A construção do parque serve ao propósito de beneficiar a sociedade, protegendo o ambiente. O Geoparque Nacional de Loess em Luochuan é caracterizado por perfil clássico de Loess e por geomorfologia relativa a Loess. Também preserva fósseis de vertebrados e abundantes informações sobre paleoclima, paleoambiente, paleontologia e outros importantes eventos relativos ao período Quaternário.

Visitamos o geoparque e o museu referente ao geoparque, com diversas explicações sobre a instituição do geoparque e sobre os projetos e pesquisas em andamento, que abarcam simulações e observações referentes aos aspectos climáticos, biológicos (vegetação) e geomorfológicos. Dentre os objetivos estão a simulação da resposta do Loess em decorrência de mudanças de características ambientais, como o clima (intensificação-redução da pluviosidade, por exemplo). As fotografias a seguir são da área visitada. A alternância de cores, ora mais clara e ora mais avermelhada, é atribuída a mudanças ambientais que permitiram o desenvolvimento de solos (hoje paleossolos). As duas últimas fotos foram enviadas por Luyuan Zhang, o restante é do meu acervo pessoal.

A experiência de participação na reunião de forma presencial proporcionou muitos ganhos em termos de conhecimento, tanto durante as apresentações e palestras, quanto nos outros momentos do evento (nas visitas de campo, passeio cultural e visita aos laboratórios). A oportunidade de conhecer um país como a China, com suas culturas e paisagens, também foi muito gratificante, em particular por ser a minha primeira oportunidade de conhecer um país asiático, que recebeu esse grupo de pesquisadores de nacionalidades diversificadas de forma que nos fizeram nos sentir bem-vindos e de portas abertas para possibilidades futuras de pesquisa em parceria.


Para saber mais!


Lista de links

[1] Site oficinal da UNESCO: https://www.unesco.org/en/iggp/igcp

[2] IGCP Projects – Global change and the evolution of life evidence from the geological record: https://www.unesco.org/en/iggp/igcp-projects?hub=67817#global-change-and-the-evolution-of-life

[3] IGCP Project 732 – Language of the Anthropocene: https://www.unesco.org/en/iggp/igcp-projects/732

[4] Para maiores informações sobre essa reunião e as anteriores, consultar o site do IGCP: https://igcp732.univie.ac.at/meetings/

[5] Para maior detalhamento sobre o Anthropocene Working Group, sugiro a leitura de outro texto desse blog (https://www.ige.unicamp.br/pedologia/2023/06/06/antropoceno-epoca-do-quaternario/).

[6] Tanto a pesquisa de pós-doutorado quanto o estágio relativo a ele, em desenvolvimento na Universidade de Viena, possuem apoio da FAPESP: Processo FAPESP no 2019/21885-7; Processo FAPESP no 2023/03963-6. Sem esse financiamento, as pesquisas que temos desenvolvido e a participação presencial em eventos como este não seriam possíveis. “As opiniões, hipóteses e conclusões ou recomendações expressas neste material são de responsabilidade do(s) autor(es) e não necessariamente refletem a visão da FAPESP”.

[7] https://whc.unesco.org/en/list/441


Texto: Érika Cristina Nesta Silva

Edição: Diego Fernandes Terra Machado

Arte da Capa: Diego Fernandes Terra Machado


Artigo discute ocupação humana inicial e mudanças geomorfológicas no sudeste do Brasil.

A pesquisa apresenta uma integração entre a caracterização da geologia, relevo, solos, sedimentos e de 600 artefatos de rocha lascada encontradas adjacentes a planície do rio Mogi-Guaçu, no centro do estado de São Paulo. Ocupação humana local pode ter se iniciado mais de 17 mil anos atrás. 


O artigo publicado na revista Journal of Quaternary Science [1] traz resultados parciais da pesquisa que está sendo conduzida pelo doutorando em Geografia, Pedro Michelutti Cheliz, vinculado ao LABPED | IG-UNICAMP. Nele, caracterizou-se que a ocupação humana de antigos caçadores-coletores ocorreu em encostas truncadas por movimentos laterais (~1200 m) e verticais (~5 m) do Rio Mogi-Guaçu durante o Quaternário Tardio, em uma área onde afloramentos rochosos são incomuns. Este contexto geológico favoreceu o acesso simultâneo de grupos humanos aos recursos proporcionados pela planície aluvial e pelas encostas.

Apenas artefatos de quartzo foram encontrados nos pontos mais profundos das escavações, enquanto nos segmentos intermediário e superior foram encontrados também artefatos de sílexito e arenito, sugerindo que houve mudanças nos materiais geológicos usados por estas antigas populações em paralelo as mudanças ambientais locais.

Os pesquisadores Gabriela Sartori e Pedro Michelutti nas escavações do sítio arqueológico Rincão I

No artigo se descreve como centenas de artefatos rochosos estão associados a paleossolos originários de colúvios datados por LOE* entre 20,3 e 5,5 mil anos. Essas idades são consistentes com os contextos paleopedológicos e geomorfológicos locais de mudanças paisagísticas e, em parte, controversas do ponto de vista dos modelos para a dispersão humana do sudeste do Brasil, que usualmente caracterizam idades menos antigas (entre 10 e 12 mil anos atrás) para a ocupação antrópica inicial deste setor do território nacional. 

Luminescência Opticamente Estimulada (LOE)

A datação por luminescência opticamente estimulada (LOE) é um método científico utilizado para estimar a idade de sedimentos que estiveram expostos à determinados tipos de radiação que se dispersam facilmente quando expostos a luz do sol. Desta maneira, podemos estimar o último momento em que estes materiais foram alcançados pela luz solar, e portanto estimar o tempo de deposição dos sedimentos. Esse método se baseia na medição da quantidade de radiação acumulada por grãos de quartzo, e compara-la com a taxa de emissão de radiação presente nos sedimentos. Ao comparar a quantidade de radiação acumulada nos grãos de quartzo com as taxas de emissão natural de radiação de outros minerais ali presentes, os cientistas podem determinar há quanto tempo o material foi soterrado, o que proporciona informações importantes sobre sua idade e história.
Alguns dos artefatos resgatados nas escavações, imagens dos trabalhos de campo e, ao centro, vista dos solos locais tal como observados no microscópio petrográfico

O artigo foi dedicado à memória de Manoel Martins (1959-2023), professor da rede pública de geografia e sociologia, que encantou e incentivou vocações e vidas de incontáveis estudantes na região de Araraquara, onde a pesquisa foi feita.


Artigo: Early anthropic occupation and geomorphological changes in South America: human–environment interactions and OSL data from the Rincão I site, southeastern Brazil

Leia mais aqui: [1] https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1002/jqs.3505


Edição: Diego Fernandes Terra Machado


XIV Seminário sobre Conservação do Solo e Proteção dos Recursos Naturais

por Diego F.T. Machado – Conservação do Solo e Proteção dos Recursos Naturais: Um Compromisso para um Futuro Sustentável

No dia 14 de março de 2023, foi realizado o XIV Seminário sobre Conservação do Solo e Proteção dos Recursos Naturais, no auditório do Instituto Agronômico (IAC), em Campinas/SP.

O evento reuniu profissionais e pesquisadores de diversas áreas, dos setores público e privado, com o objetivo de discutir a importância da conservação dos solos e a adoção de práticas mais sustentáveis na agricultura.

Em parceria com a Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA), Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), Instituto Agronômico (IAC) Instituto de Geociências (IG) e Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri)/Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e a Fundação de Amparo à Pesquisa Agrícola (Fundag), o evento foi integrado às comemorações do Dia Nacional da Conservação do Solo, celebrado em 15 de abril.

Sede do Instituto Agronômico (IAC). | Foto: Diego F.T. Machado

A conservação do solo é um desafio global

De acordo com um relatório produzido pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) no ano de 2015, cerca de 33% dos solos do mundo estão degradados.

No estado de São Paulo, apesar dos esforços constantes voltados a mitigação dos processos de degradação dos solos, ainda há uma grande parcela de solos mal conservados e degradados.

Durante o evento, foram apresentados casos de sucesso na aplicação de práticas voltadas à difusão de conhecimento e técnicas para a produção com menor impacto e intervenções voltadas à conservação dos solos.

Destaques do Evento

Os Seminários

A solenidade de abertura contou com a fala do Secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Antonio Junqueira, da pesquisadora Isabella Clerici De Maria e do pesquisador Afonso Peche Filho, ambos do Instituto Agronômico (IAC).

O Laboratório de Pedologia (LABPED) do Instituto de Geociências da UNICAMP realizou uma mostra com recursos pedagógicos vinculados ao projeto financiado pelo CNPQ (PIBIC-EM) ‘Coleção de Monolitos de Solos’, que tem como objetivo a difusão de conhecimento científico sobre temas pertinentes aos Solos. A palestra conduzida por Diego F.T. Machado, Doutorando em Geografia (IG|UNICAMP), destacou a necessidade de desenvolver e sistematizar conhecimento sobre solos de modo contextualizado e a importância da utilização de recursos didáticos como os apresentados no evento, para fortalecer a difusão de conhecimentos pertinentes à conservação dos solos (Para saber mais).

Exposição Monolito – apresentada ao Publico durante o evento realizado no Instituto Agronômico de Campinas. | Foto: Diego F.T. Machado

Na sequência Daniel Malheiros do Nascimento (CDA/SAA) apresentou os benefícios dos Sistemas Integrados de Produção na Conservação do Solo, dando destaque para como a adoção de tais práticas podem apoiar o aumento da produção agrícola, e ao mesmo tempo recuperar e preservar o meio ambiente (Para saber mais).

Outro destaque do evento foi a apresentação do pesquisador do IAC, Roberto B.F. Branco. que trouxe uma perspectiva atual de produção baseada nas premissas do plantio direto e a adoção de plantas de cobertura, voltadas a produção de hortaliças. Roberto apresentou bons resultados obtidos com a aplicação do método do rolo-faca para o tombamento das plantas de cobertura como uma técnica promissora de controle de plantas daninhas em cultivos de hortaliças, com potencial para reduzir ou eliminar o uso de herbicidas (Para saber mais).

A aplicação de políticas publicas voltadas ao estimulo e valorização da adoção de práticas regenerativas e de conservação dos solos adotadas por agricultores, foi defendida pelo coordenado da CATI, Alexandre Manzoni Grassi. Tais ações visam consolidar a conservação do solo como uma política de estado em São Paulo. Algo que foi ressaltado por Gerson Cazentini Filho (CATI) ao debater sobre os instrumentos de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) com o Programa Solo+Fertil que busca aumentar a fertilidade dos solos paulistas (Para saber mais).

Faz-se importante ressaltar que a conservação do solo vai muito além do manejo nas glebas cultivadas. Pensar a gestão integrada das propriedades é fundamental, e isso inclui os caminhos que recortam as bacias. Nessa perspectiva, a fala de Cláudio Giusti de Souza (CATI) deu ênfase a importância da implementação de projetos adequados na construção de estradas rurais, visando a mitigação de processos de degradação dos solos, com destaque aos processos erosivos. (Para saber mais)

Encerrando o ciclo de palestras, Antoniane Arantes de Oliveira Roque (CATI) apresentou as bases que alicerçam programas de sucesso implementados pelo Estado de São Paulo, como linhas de financiamento e pagamento por serviços ambientais para a conservação do solo. Um destes programas, o Berços D´água, contam com modalidades de apoio na forma de subvenção econômica, correspondente ao reembolso parcial das despesas efetuadas pelos produtores rurais na adoção das práticas recomendadas (Para saber mais).

Os Minicursos

No período da tarde, dois minicursos encerraram as atividades. Denilson P. de Godoy e Marcelo T. Onoe (CATI) apresentaram algumas das práticas conservacionistas adotadas no escopo do programa Berços D’água e RADGE (Recuperação de Áreas Degradadas por Grandes Erosões) (Para saber mais). Por fim, Afonso Peche Filho (IAC) apresentou as bases científicas envolvidas nos processos de transição agroecológica, numa perspectiva de produção com menores impactos ambientais (Para saber mais).

Inspiração e Fortalecimento das Redes!

Os participantes puderam trocar ideias e compartilhar conhecimentos, enriquecendo o debate sobre a importância da conservação do solo e a necessidade de adoção de práticas sustentáveis na agricultura.

A disseminação de conhecimento técnico-científico e a promoção de políticas públicas voltadas à recuperação e conservação do solo foram destacadas por todos os participantes. A partir das falas realizadas ao longo do evento, é certo dizer que a conservação do solo é fundamental para garantir a sustentabilidade da agricultura a longo prazo, protegendo os recursos naturais e garantindo a produção de alimentos de forma mais sustentável.

Membros da comissão organizadora e palestrantes do XIV Seminário sobre Conservação do Solo e Proteção dos Recursos Naturais | Foto: Érika Cristina Nesta Silva

Além disso, é importante ressaltar a importância do engajamento de diferentes atores na promoção da conservação do solo. A participação ativa de produtores rurais, pesquisadores, extensionistas, órgãos governamentais, organizações não governamentais e demais envolvidos no setor agrícola é fundamental para disseminar práticas sustentáveis, promover políticas públicas adequadas e buscar soluções inovadoras para os desafios enfrentados na conservação do solo.

Ao final do evento, os participantes saíram inspirados e motivados a contribuir para difusão de ideias e práticas mais sustentáveis para agricultura, visando a conservação do solo e a proteção dos recursos naturais. A troca de experiências e conhecimentos entre os participantes contribuiu para ampliar a conscientização sobre a importância da conservação do solo e para incentivar a adoção de práticas mais sustentáveis na agricultura.


Texto e Edição: Diego Fernandes Terra Machado


Conheça o projeto Monolitos de Solos do Instituto de Geociências da UNICAMP

Conservação do solo e proteção dos recursos naturais é tema de Seminário realizado pela CATI, pelo IAC e por parceiros

 Cleusa Pinheiro – Jornalista MTB 28.487 – Centro de Comunicação Rural (Cecor)/CATI/SAA – cleusa.pinheiro@sp.gov.br

Em sua 14.ª edição, o tema central do Seminário será a revitalização da conservação do solo e da água, com foco no redesenho do uso e manejo do solo em áreas urbanas e rurais. O evento acontece no dia 14 de abril, as inscrições são gratuitas e com direito a certificado.

Integrando as comemorações do Dia Nacional da Conservação do Solo, celebrado em 15 de abril e instituído por lei federal em 1989, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA), por meio da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI) e do Instituto Agronômico (IAC)/Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), ao lado de parceiros – Defesa Agropecuária (CDA)/SAA, Instituto de Geociências (IG) e Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri)/Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Fundação de Amparo à Pesquisa Agrícola (Fundag) -, realizam, no próximo dia 14 de abril, o XIV Seminário de Conservação do Solo e Recursos Naturais.

“A segurança alimentar e os serviços ecossistêmicos são fundamentais para nosso desenvolvimento e dependem diretamente da conservação do solo e da água, tema que vem sendo estudado, avaliado e debatido, aprimorando o conhecimento de técnicas para redução da erosão, bem como para manutenção da saúde do solo”, ressalta Isabella Clerici De Maria, pesquisadora do IAC.

Segundo Antoniane Arantes de Oliveira Roque, líder do Grupo Técnico de Conservação do Solo e da Água da CATI e um dos organizadores do evento, “muitos esforços para divulgar e implementar projetos têm sido feitos pelo poder público, pelos produtores e por entidades públicas e privadas. No entanto ainda há uma grande extensão de solos mal-conservados e degradados no Estado de São Paulo”.

Processo de erosão linear – Voçoroca – no município de São Pedro – SP

Nesse contexto, Antoniane ressalta que o objetivo do evento é divulgar soluções, projetos com bons resultados e conceitos que não podem ser esquecidos, os quais devem estar no cotidiano da ocupação territorial rural. “Além disso, o Seminário visa reciclar o conhecimento de pesquisadores, técnicos, produtores rurais, estudantes e demais interessados; divulgar as políticas públicas oferecidas pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento voltadas à recuperação e conservação do solo, como o Programa Solo+Fértil e o Programa de Pagamento por Serviços Ambientais, que engloba os projetos Águas Rurais e Berços d’Água – Recuperação de Áreas Degradadas por Grandes Erosões (Radge), além de sensibilizar a sociedade em geral quanto à necessidade de conscientização sobre essa temática”.

Programação

Durante o evento, o secretário de Agricultura e Abastecimento, Antonio Julio Junqueira de Queiroz, e o coordenador da CATI, Alexandre Manzoni Grassi, falarão sobre “A conservação do solo como política de estado”, reportando-se às linhas de crédito disponíveis e aos programas e projetos desenvolvidos pela SAA.

Na parte da manhã, os demais temas serão apresentados por técnicos da CATI e pesquisadores do IAC/APTA e do Instituto de Geociências da Unicamp. “Revitalização da Conservação do Solo e da Água” será o tema da palestra dos pesquisadores do IAC/APTA, Isabela Clerici De Maria e Afonso Peche Filho. A programação matutina acontece no Auditório do IAC, na Av. Barão de Itapura, 1481.

O período da tarde (das 14h às 17h20) está reservado para os minicursos que serão realizados no Centro Experimental do Instituto Agronômico ─ Fazenda Santa Elisa, localizada na Avenida Theodureto de Almeida Camargo, 1500. “Propriedade rural como um berço d´água é o tema do minicurso conduzido pelos extensionistas da CATI Regional General Salgado, Denilson Perpétuo de Godoy e Marcelo Takashi Onoe.

Interessados podem participar gratuitamente, com direito a certificado, se inscrevendo pelo linkhttps://forms.office.com/r/vF0V5jPt8K

As inscrições para os minicursos podem ser feitas durante o evento.

Serviço

XIV apta de Conservação do Solo e Recursos Naturais

Data: 14/4/2023

Horário: Das 8h às 17h20

Local: Auditório do IAC – Av. Barão de Itapura, 1481 – Manhã | Centro Experimental/Fazenda Santa Elisa/IAC – Av. Theodureto de Almeida Camargo, 1500 – Tarde

Inscrições: https://forms.office.com/r/vF0V5jPt8K | Evento gratuito, com certificado

Solo não é sujeira – esse foi o tema da exposição organizada pelo LABPED durante o UPA 2022

por Diego F.T. Machado

No dia 27 de agosto, mais de mil pessoas visitaram o Instituto de Geociências durante o Unicamp de Portas Abertas 2022.


Milhares de alunos do ensino médio participaram do UNICAMP de Portas Abertas, evento anual que tem por objetivo apresentar aos alunos a diversidade de cursos e pesquisas desenvolvidas nos Institutos e Departamentos da Universidade Estadual de Campinas.

Ao longo do dia, cerca de 1160 pessoas visitaram o Instituto de Geociências e tiveram acesso a oficinas, palestras, exposição e interação entre estudantes e professores do IG e aqueles que buscam uma vaga nos diversos cursos da Universidade.

O tema da atividade proposta pela equipe do LABPED foi, “Solo não é Sujeira“. Buscou-se apresentar a diversidade de solos e suas características, demonstrando a importância na identificação, caracterização e espacialização dos diferentes tipos de solo para um uso mais sustentável das terras.

Equipe LABPED no UPA 2022

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Sobre as atividades

A oficina contou com a exposição da Coleção de Monólitos de Solos, projeto em andamento que tem por objetivo apresentar as principais ordens de solo que ocorrem no Município de Campinas – SP e complementarmente, no Brasil.

Os participantes puderam ter uma noção do processo de evolução dos solos, através de uma sequência didática, partindo desde solos pouco desenvolvidos como Neossolos e Cambissolos até os mais intemperizados, como Argissolos e Latossolos.

Um experimento para demonstrar os efeitos da compactação permitiu aos visitantes observar o impacto que este tipo de degradação pode causa no desenvolvimento das raízes das plantas nas características dos solos.

Além disso, durante a oficina de pintura com tintas a base de solos, através de uma abordagem mais lúdica, os alunos puderam conhecer um pouco mais sobre algumas das propriedades que atribuem diferentes características aos solos, como sua composição granulométrica e seus agentes pigmentantes.

Experimento sobre compactação do solo

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Texto e Edição: Diego Fernandes Terra Machado


Conheça o projeto Monolitos de Solos do Instituto de Geociências da UNICAMP

Artigo discute a influências de mudanças climáticas e hidrológicas na transformação das paisagens nos últimos 115 ka

por Pedro Cheliz –

O trabalho assinado por Pedro M. Cheliz e colaboradores aponta alternâncias entre climas úmidos e secos desde o Eemiano e questiona algumas relações estabelecidas entre altitudes de terraços, idades de depósitos e tipos de solos.


Acaba de ser disponibilizado na revista Quaternary International um novo artigo que discute as relações entre relevo, solos e depósitos em planícies fluviais, a partir de um estudo de caso na planície do rio Jacaré-Guaçu. O artigo aborda evidências de transformações ambientais e climáticas dos últimos 110 mil anos registradas nesta planície aluvial. Igualmente, ele caracteriza como mudanças na paisagem ao longo do tempo contribuíram para criar no local uma dissociação entre formas de relevo e materiais associados.



Ali, os terraços fluviais mais elevados vinculam-se a depósitos mais recentes (12-8 mil anos atrás) e paleosolos formados em condições de má drenagem (onde a água penetra e circula com dificuldade pelo perfil de solo).

Os terraços mais baixos e próximos a várzea, por sua vez, encontram-se associados a depósitos mais antigos (115-110 mil anos atrás) e  a paleosolos formados em condições de boa drenagem (onde a água penetra e circula com facilidade pelo perfil de solo), ainda que atualmente predominem neste local condições de má drenagem.

A área de estudo está localizada no Estado de São Paulo (Brasil), próximo à divisa entre os municípios de Boa Esperança do Sul e Araraquara

Estes padrões de conexões entre formas de relevo e materiais associados são diferentes dos usualmente registrados em planícies aluviais do sudeste do Brasil, onde os terraços fluviais são geralmente interpretados como vinculados a depósitos tão mais antigos e solos tão melhor drenados quanto mais elevados em relação ao nível do rio atual. De maneira que fortalece-se incertezas em relação a extrapolações frequentemente feitas entre altitudes de terraços, idades de depósitos e tipos de solos. Reforçando, assim, a necessidade de estudos geomorfológicos, pedológicos e cronológicos de detalhe em áreas pequenas em adição a pesquisas voltadas a caracterizar tendências dominantes de sistemas fluviais ao longo de áreas mais vastas.

Leia o artigo na íntegra: DOI: 10.1016/j.quaint.2021.06.016


Sobre o autor correspondente

Pedro M. Cheliz é graduado em Geografia e Geologia, e mestre em Geografia pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), com cursos de formação complementar na área de arqueologia. Tem experiência profissional em consultoria e licenciamento ambiental, bem como como educador no ensino básico nas áreas de geografia, história e ciências, e no ensino superior nas áreas de geologia e geografia. Desenvolve atividades de pesquisa na área de Geociências e Geografia, atuando principalmente nos seguintes temas: geomorfologia, pedologia, planejamento ambiental e geoarqueologia. Vincula-se aos grupos de pesquisa do LabPed (Laboratório de Pedologia), NEAL (Nucleo de Estudos Ambientais e Litorâneos), IPEC (Instituto de Pesquisas Cananéia) e GEA (Grupo de Estudos de Arqueologia). Atualmente é bolsista de doutorado do CNPQ.

ResearchGateLattes – email: pedro.michelutti@gmail.com


Texto: Pedro M. Cheliz

Edição: Diego F. T. Machado


Publicações Acadêmicas do LABPED

REDE SOPA – Da trajetória dos Solos a Paisagem ao XIV ENANPEGE

por Diego F. T. Machado

Entrevista com a Dra. Grace B. Alves (UFBA) e Dr. José João Lelis (UFV) sobre a Rede Estudos Avançados da Relação Solo-Paisagem e o GT – SOPA: Diferentes perspectivas dos solos à Paisagem no XIV ENANPEGE.


Motivados por um interesse comum, pesquisadoras e pesquisadores dedicados a compreensão das belas e complexas relações entre os solos e as paisagens, se reúnem para uma grande SOPA.

A Rede de Estudos Avançados da Relação Solo-Paisagem (SOPA) já deu seus primeiros frutos, e a profa. Dra. Grace Alves e o prof. José João Lelis, gentilmente concederam uma entrevista ao blog Coluna Solo para conhecermos um pouquinho mais dessa iniciativa e saber quais são as expectativas para um futuro próximo e sobre a participação no XIV Encontro Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia.

Grace Bungenstab Alves – Geógrafa e Dra. em Geografia pela USP. É Professora de Geografia Física na UFBA (Universidade Federal da Bahia)
José João Lelis de Souza – Geógrafo, Dr. em Solos e Nutrição de Plantas pela UFV. É professor do Departamento de Solos da Universidade Federal de Viçosa.

LP: Como surgiu a ideia da construção da SOPA (Rede Estudos Avançados da Relação Solo-Paisagem)?

GA: Eu (Grace Alves) e Fábio (Oliveira) já havíamos discutido sobre a necessidade de construirmos fóruns para discutir o solo na paisagem e a importância dos solos para a Geografia, sobretudo dentro de eventos da Geografia. Fomos para o campo de Quixadá, em junho de 2019, organizado dentro do XVIII Simpósio Brasileiro de Geografia Física Aplicada, em Fortaleza, discutindo sobre isso e começamos a levantar possibilidade de propormos um workshop na próxima edição do evento, ideia que ainda não discutimos com a coordenação do próximo evento.

No final de 2019 participamos da RCC (Reunião de Correlação e Classificação de Solos), que ocorreu no Maranhão e que é organizada pela SBCS, quando fomos agregando mais gente nesta SOPA e discutindo sobre estas ideias, agregando pessoas da geografia e de outras áreas. Foi a primeira vez que a RCC reuniu um grupo 11 pessoas formadas em Geografia, a maior parte especialistas na área de solo e paisagem. Acabamos trazendo algumas discussões sobre a paisagem e intensificado, sobretudo entre os amigos da Geografia, a necessidade de discussões em fóruns próprios.

O grupo de Geografas e Geógrafos reunidos durante o XIII RCC 2019, Maranhão – Foto concedida por Grace B. Alves

O XIII RCC realizada em outubro de 2019 contribuiu com informações para o aprimoramento do Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SiBCS), e a geração de conhecimentos sobre o recurso solo e de outros componentes do meio físico natural do Maranhão. (saiba mais)


LP: Quem são as pessoas envolvidas na construção da SOPA?

GA: Ainda estamos em processo de construção e formalização da rede. Motivado pelos laços de amizade que fomos formando e pela convergência do pensamento científico e linhas teóricas, neste grupo estão Fábio Oliveira, Caroline Delpupo, Sheila Furquim, Márcia Calegari, Adriana Costa, Valdomiro Souza Jr., e mais recentemente contamos com o José João Lelis, mais conhecido como JJ. O JJ inclusive que propôs a criação do GT na ENANPEGE.

Durante as “Trajetórias dos solos à paisagem” também construímos uma boa relação com todas as pessoas que fizeram parte das apresentações, esperamos estreitar os laços de pesquisa e atuação profissional com todas estas pessoas, e dentro do possível aumentar a nossa rede. A proposta do GT também vai nesta linha, de conhecer e viabilizar novos contatos de pessoas interessadas com esta linha de pesquisa.

LP: Conte-nos sobre o Projeto Trajetórias dos Solos à Paisagem…

GA: Com o início da pandemia e das lives, discutimos a possibilidade de criarmos uma série de apresentações com pesquisadores na linha de solo e paisagem, discutimos os temas e os nomes das pessoas que poderiam contribuir, eu e o Fábio ficamos responsáveis por encabeçar a proposta.

Conseguimos viabilizar isso através de um projeto de extensão na UFBA, contando com o apoio do Grupo Colapso (UFBA), Pedogeo (UFMG) e LABPED UNICAMP, o que tornou possível a realização das “Trajetórias dos solos à paisagem”. Esse projeto foi uma iniciativa inicial para reunirmos diferentes pessoas preocupadas com a temática solo e paisagem, buscando entender as diferentes abordagens e permitindo que isso pudesse ser mais conhecido nacionalmente.

Divulgação Projeto Trajetórias dos Solos à Paisagem

Divulgação TSP Ep.1 – Solo e Paisagem: da Geografia do solo à Pedogeomorfologia

LP: Está no escopo da rede a realização de novas ações como esta?

GA: Agora queremos diversificar e redirecionar as ações, estamos trabalhando em publicações, também estamos com propostas de novos projetos de pesquisa. Ainda queremos organizar uma publicação com todas as pessoas que participaram das TSP, isso está nos planos, mas ainda estamos discutindo como viabilizar.

A criação do GT na ENANPEGE está dentro destas novas ações para firmar as discussões de Solo e Paisagem construindo fóruns, principalmente na Geografia, mas queremos muito contar com pessoas de diferentes áreas de formação, por entender que isso só enriquece o debate. Talvez no futuro poderemos organizar novas apresentações, mas o mais provável é que possamos colaborar com iniciativas de outras pessoas, no que diz respeito a apresentações online.

Acredito que o GT será uma ótima oportunidade para discutirmos as futuras ações para fortalecer a linha de pesquisa sobre solos e paisagem, e a própria rede.

LP: A Rede SOPA está à frente de um dos Grupos de Trabalho do Enanpege 2021. O que motivou o envio da proposta?

JJ: Essencialmente são dois pontos: a) congregar estudos e pesquisadorxs da interface solo-paisagem realizados por geógrafxs em um evento no seio da Geografia. Há tradicionais eventos da Pedologia que congregam diferentes profissionais e permitem estudos interdisciplinares, mas também é necessário que a Geografia, per si, reflita  sobre o solo, e; b) a necessidade de ocupar um espaço de fala. Historicamente o ENANPEGE e outros eventos da Geografia não possuem temáticas voltadas ao estudo de solos. Logo é importante concretizar esse interesse comum com ações.

Os coordenadorxs do GT são geográfxs com diferentes formações e experiências dentro da Pedologia e áreas afins. Acredito que surgirão discussões enriquecedoras sobre teses e dissertações que envolveram o solo como elemento da paisagem. É importante mencionar que nem todos os membros do SOPA puderam coordenar o GT, pois o ENANPEGE limita o número de cadeiras, mas todxs estarão presentes. Esperamos que a comunidade científica abrace o GT e participe do ENANPEGE.

Logo XIV ENANPEGE – A Geografia que fala ao Brasil: ciência geográfica na pandemia ultraliberal. De 10 a 15 de outubro de 2021 – Online

O envio de trabalhos está aberto até 21/6, mais informações podem ser obtidas no site do ENANPEGE e o nosso GT é o de n. 27.

LP: O que esperar do GT – SOPA: Diferentes perspectivas dos solos à Paisagem?

GA: Estamos bastante animados com esta proposta, será nossa primeira ação dentro do nosso objetivo inicial que é criar fóruns de discussão sobre o assunto. Esperamos poder discutir as múltiplas possibilidades que esta linha suscita, queremos contar com pessoas do Brasil todo.

JJ: Pretendemos expor como o solo pode ser utilizado para entender o passado, analisar o presente e prever o futuro através de diferentes técnicas. Espaços agrário e urbano, hoje tão íntimos, serão abordados sobre as perspectivas de degradação, manejo e recuperação ambiental. Nossa proposta abrange ainda trabalhos de interface com outras ciências, como a Arqueologia e Geomorfologia.

GA: Destaco aqui a proposta enviada, na qual nos propomos fomentar a discussão de temas de interesse da Geografia, tais como:

a) distribuição e padrões de solos na paisagem;

b) mapeamento e classificação de solos;

c) pedogênese e indicadores de mudanças ambientais;

d) organização e funcionamento dos solos na paisagem;

e) interações pedogeomorfológicas;

f) impactos ambientais mensurados a partir do solo;

g) etnopedologia e conhecimentos tradicionais como forma de apropriação do espaço;

h) pedoarqueologia, produção de solos por comunidades ancestrais;

i) SUITMAs, que englobam solos de áreas urbanas, industriais e mineradas.

Buscamos desta forma trazer à tona que o solo não é um simples elemento na paisagem, pois além de servir como síntese da paisagem, também é um agente. A proposta é bastante ampla, mas esperamos justamente buscar o que nos une nesta discussão, que é o solo.

Quero aproveitar para convidar a todas e todos para fazerem parte do GT e ajudar a construir e fortalecer as discussões sobre solos e paisagens com a gente.


LP: Como podemos acompanhar as atividades da Rede Sopa?

GA: Nós temos divulgado nossas ações nos perfis dos Grupos de Pesquisa coordenados pelos pesquisadores e pesquisadoras que fazem parte da Rede SOPA, além dos perfis das instituições que estamos vinculados e vinculadas, vocês podem acessar através dos seguintes direcionamentos:

Grupo Colapso (UFBA) – @colapso.ggf no Facebook, Instagram e Twitter

Grupo Pedogeo (UFMG) – @grupo_pedogeo no Instagram

Geografia IFMG, campus Ouro Preto- @geografiaifmg_op no Instagram

Laboratório de Estudo da Dinâmica Ambiental, UNIOESTE, campus Marechal Candido Rondon- @LEDAUNIOESTE no Facebook

Além disso, contamos há inúmeros outros canais que auxiliam na divulgação, como é o caso do LABPED.


Edição: Diego F. T. Machado

Foto da Capa: Paisagem das superfícies de topo dos Patamares de Canastra, região de Tapira, MG. Diego F. T. Machado


Os Humanos e a Agricultura – um livro de Espindola e Oliveira

por Diego F.T. Machado

Lançamento do livro: OS HUMANOS E A AGRICULTURA – Desde a pré-história até o final do
século XIX, por Carlos Roberto Espindola e Nirlei Maria Oliveira. Uma abordagem ampla e de propósito didático, sobre as transformações do espaço geográfico ao longo do tempo pelas ações do homem, desde seus primórdios nômade no Planeta, até a sedentarização que a agricultura organizada pôde lhe garantir.

“O livro traça uma linha temporal resgatando estudos e pesquisas sobre os indivíduos do gênero Homo, desde os primitivos “hominídeos” da pré-história, perpassando pela Idade Antiga, Idade Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea”

De acordo com os autores, o livro busca trazer numa linguagem mais acessível, capaz de dialogar amplamente com pesquisadores, estudiosos e curiosos pelo assunto. O recorte histórico compreende até o final do século XIX, pois, a partir do século seguinte a produção científica sobre o tema, se torna de fácil acesso.

Nem sempre a dimensão histórica traçada é abordada em cursos de graduação e pós-graduação em que as “humanidades” costuma ser relegadas em seu conteúdo. Os humanos e a agricultura desde a pré-história até o final do século XIX” busca jogar luz em lacunas supostamente não contempladas em publicações especificas de áreas que demandam conhecimento sobre esta temática

O livro está disponível nas versões Impressa e Digital – pode ser adquirido em diversas plataformas de compras virtuais: Clube de Autores; Amazon; Livraria Cultura; Google Play; Rakuten kobo e Apple.

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