REDE SOPA – Da trajetória dos Solos a Paisagem ao XIV ENANPEGE

por Diego F. T. Machado

Entrevista com a Dra. Grace B. Alves (UFBA) e Dr. José João Lelis (UFV) sobre a Rede Estudos Avançados da Relação Solo-Paisagem e o GT – SOPA: Diferentes perspectivas dos solos à Paisagem no XIV ENANPEGE.


Motivados por um interesse comum, pesquisadoras e pesquisadores dedicados a compreensão das belas e complexas relações entre os solos e as paisagens, se reúnem para uma grande SOPA.

A Rede de Estudos Avançados da Relação Solo-Paisagem (SOPA) já deu seus primeiros frutos, e a profa. Dra. Grace Alves e o prof. José João Lelis, gentilmente concederam uma entrevista ao blog Coluna Solo para conhecermos um pouquinho mais dessa iniciativa e saber quais são as expectativas para um futuro próximo e sobre a participação no XIV Encontro Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia.

Grace Bungenstab Alves – Geógrafa e Dra. em Geografia pela USP. É Professora de Geografia Física na UFBA (Universidade Federal da Bahia)
José João Lelis de Souza – Geógrafo, Dr. em Solos e Nutrição de Plantas pela UFV. É professor do Departamento de Solos da Universidade Federal de Viçosa.

LP: Como surgiu a ideia da construção da SOPA (Rede Estudos Avançados da Relação Solo-Paisagem)?

GA: Eu (Grace Alves) e Fábio (Oliveira) já havíamos discutido sobre a necessidade de construirmos fóruns para discutir o solo na paisagem e a importância dos solos para a Geografia, sobretudo dentro de eventos da Geografia. Fomos para o campo de Quixadá, em junho de 2019, organizado dentro do XVIII Simpósio Brasileiro de Geografia Física Aplicada, em Fortaleza, discutindo sobre isso e começamos a levantar possibilidade de propormos um workshop na próxima edição do evento, ideia que ainda não discutimos com a coordenação do próximo evento.

No final de 2019 participamos da RCC (Reunião de Correlação e Classificação de Solos), que ocorreu no Maranhão e que é organizada pela SBCS, quando fomos agregando mais gente nesta SOPA e discutindo sobre estas ideias, agregando pessoas da geografia e de outras áreas. Foi a primeira vez que a RCC reuniu um grupo 11 pessoas formadas em Geografia, a maior parte especialistas na área de solo e paisagem. Acabamos trazendo algumas discussões sobre a paisagem e intensificado, sobretudo entre os amigos da Geografia, a necessidade de discussões em fóruns próprios.

O grupo de Geografas e Geógrafos reunidos durante o XIII RCC 2019, Maranhão – Foto concedida por Grace B. Alves

O XIII RCC realizada em outubro de 2019 contribuiu com informações para o aprimoramento do Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SiBCS), e a geração de conhecimentos sobre o recurso solo e de outros componentes do meio físico natural do Maranhão. (saiba mais)


LP: Quem são as pessoas envolvidas na construção da SOPA?

GA: Ainda estamos em processo de construção e formalização da rede. Motivado pelos laços de amizade que fomos formando e pela convergência do pensamento científico e linhas teóricas, neste grupo estão Fábio Oliveira, Caroline Delpupo, Sheila Furquim, Márcia Calegari, Adriana Costa, Valdomiro Souza Jr., e mais recentemente contamos com o José João Lelis, mais conhecido como JJ. O JJ inclusive que propôs a criação do GT na ENANPEGE.

Durante as “Trajetórias dos solos à paisagem” também construímos uma boa relação com todas as pessoas que fizeram parte das apresentações, esperamos estreitar os laços de pesquisa e atuação profissional com todas estas pessoas, e dentro do possível aumentar a nossa rede. A proposta do GT também vai nesta linha, de conhecer e viabilizar novos contatos de pessoas interessadas com esta linha de pesquisa.

LP: Conte-nos sobre o Projeto Trajetórias dos Solos à Paisagem…

GA: Com o início da pandemia e das lives, discutimos a possibilidade de criarmos uma série de apresentações com pesquisadores na linha de solo e paisagem, discutimos os temas e os nomes das pessoas que poderiam contribuir, eu e o Fábio ficamos responsáveis por encabeçar a proposta.

Conseguimos viabilizar isso através de um projeto de extensão na UFBA, contando com o apoio do Grupo Colapso (UFBA), Pedogeo (UFMG) e LABPED UNICAMP, o que tornou possível a realização das “Trajetórias dos solos à paisagem”. Esse projeto foi uma iniciativa inicial para reunirmos diferentes pessoas preocupadas com a temática solo e paisagem, buscando entender as diferentes abordagens e permitindo que isso pudesse ser mais conhecido nacionalmente.

Divulgação Projeto Trajetórias dos Solos à Paisagem

Divulgação TSP Ep.1 – Solo e Paisagem: da Geografia do solo à Pedogeomorfologia

LP: Está no escopo da rede a realização de novas ações como esta?

GA: Agora queremos diversificar e redirecionar as ações, estamos trabalhando em publicações, também estamos com propostas de novos projetos de pesquisa. Ainda queremos organizar uma publicação com todas as pessoas que participaram das TSP, isso está nos planos, mas ainda estamos discutindo como viabilizar.

A criação do GT na ENANPEGE está dentro destas novas ações para firmar as discussões de Solo e Paisagem construindo fóruns, principalmente na Geografia, mas queremos muito contar com pessoas de diferentes áreas de formação, por entender que isso só enriquece o debate. Talvez no futuro poderemos organizar novas apresentações, mas o mais provável é que possamos colaborar com iniciativas de outras pessoas, no que diz respeito a apresentações online.

Acredito que o GT será uma ótima oportunidade para discutirmos as futuras ações para fortalecer a linha de pesquisa sobre solos e paisagem, e a própria rede.

LP: A Rede SOPA está à frente de um dos Grupos de Trabalho do Enanpege 2021. O que motivou o envio da proposta?

JJ: Essencialmente são dois pontos: a) congregar estudos e pesquisadorxs da interface solo-paisagem realizados por geógrafxs em um evento no seio da Geografia. Há tradicionais eventos da Pedologia que congregam diferentes profissionais e permitem estudos interdisciplinares, mas também é necessário que a Geografia, per si, reflita  sobre o solo, e; b) a necessidade de ocupar um espaço de fala. Historicamente o ENANPEGE e outros eventos da Geografia não possuem temáticas voltadas ao estudo de solos. Logo é importante concretizar esse interesse comum com ações.

Os coordenadorxs do GT são geográfxs com diferentes formações e experiências dentro da Pedologia e áreas afins. Acredito que surgirão discussões enriquecedoras sobre teses e dissertações que envolveram o solo como elemento da paisagem. É importante mencionar que nem todos os membros do SOPA puderam coordenar o GT, pois o ENANPEGE limita o número de cadeiras, mas todxs estarão presentes. Esperamos que a comunidade científica abrace o GT e participe do ENANPEGE.

Logo XIV ENANPEGE – A Geografia que fala ao Brasil: ciência geográfica na pandemia ultraliberal. De 10 a 15 de outubro de 2021 – Online

O envio de trabalhos está aberto até 21/6, mais informações podem ser obtidas no site do ENANPEGE e o nosso GT é o de n. 27.

LP: O que esperar do GT – SOPA: Diferentes perspectivas dos solos à Paisagem?

GA: Estamos bastante animados com esta proposta, será nossa primeira ação dentro do nosso objetivo inicial que é criar fóruns de discussão sobre o assunto. Esperamos poder discutir as múltiplas possibilidades que esta linha suscita, queremos contar com pessoas do Brasil todo.

JJ: Pretendemos expor como o solo pode ser utilizado para entender o passado, analisar o presente e prever o futuro através de diferentes técnicas. Espaços agrário e urbano, hoje tão íntimos, serão abordados sobre as perspectivas de degradação, manejo e recuperação ambiental. Nossa proposta abrange ainda trabalhos de interface com outras ciências, como a Arqueologia e Geomorfologia.

GA: Destaco aqui a proposta enviada, na qual nos propomos fomentar a discussão de temas de interesse da Geografia, tais como:

a) distribuição e padrões de solos na paisagem;

b) mapeamento e classificação de solos;

c) pedogênese e indicadores de mudanças ambientais;

d) organização e funcionamento dos solos na paisagem;

e) interações pedogeomorfológicas;

f) impactos ambientais mensurados a partir do solo;

g) etnopedologia e conhecimentos tradicionais como forma de apropriação do espaço;

h) pedoarqueologia, produção de solos por comunidades ancestrais;

i) SUITMAs, que englobam solos de áreas urbanas, industriais e mineradas.

Buscamos desta forma trazer à tona que o solo não é um simples elemento na paisagem, pois além de servir como síntese da paisagem, também é um agente. A proposta é bastante ampla, mas esperamos justamente buscar o que nos une nesta discussão, que é o solo.

Quero aproveitar para convidar a todas e todos para fazerem parte do GT e ajudar a construir e fortalecer as discussões sobre solos e paisagens com a gente.


LP: Como podemos acompanhar as atividades da Rede Sopa?

GA: Nós temos divulgado nossas ações nos perfis dos Grupos de Pesquisa coordenados pelos pesquisadores e pesquisadoras que fazem parte da Rede SOPA, além dos perfis das instituições que estamos vinculados e vinculadas, vocês podem acessar através dos seguintes direcionamentos:

Grupo Colapso (UFBA) – @colapso.ggf no Facebook, Instagram e Twitter

Grupo Pedogeo (UFMG) – @grupo_pedogeo no Instagram

Geografia IFMG, campus Ouro Preto- @geografiaifmg_op no Instagram

Laboratório de Estudo da Dinâmica Ambiental, UNIOESTE, campus Marechal Candido Rondon- @LEDAUNIOESTE no Facebook

Além disso, contamos há inúmeros outros canais que auxiliam na divulgação, como é o caso do LABPED.


Edição: Diego F. T. Machado

Foto da Capa: Paisagem das superfícies de topo dos Patamares de Canastra, região de Tapira, MG. Diego F. T. Machado


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